Heineken: Enquanto Brasil, México e países da Ásia cresceram, a venda na Europa ficou estável (Eric Gaillard/Reuters Business)
O sinal de preocupação deixado pelo presidente executivo da Heineken no balanço do terceiro trimestre estremeceu o mercado e deixou aquele gosto amargo. Na manhã (no horário do Brasil) desta quarta-feira, 26, a ação da cervejaria holandesa caía 7,26% na bolsa de Amsterdam, refletindo os "motivos para serem mais cautelosos" descritos por Dolf Van Den Brink no relatório de vendas da empresa. No país vizinho, a Bélgica, as ações da concorrente AB InBev também caíam: -1,67%.
Van Den Brink estava falando de inflação, a subida de preços que a há anos os países europeus não viam e agora estão tendo de lidar. Essa pressão de custos que está fazendo a companhia repassar aos preços nas gôndolas pode pressionar a demanda, observa o executivo. "Vemos cada vez mais motivos para sermos cautelosos com as perspectivas macroeconômicas, incluindo alguns sinais de fraqueza na demanda do consumidor."
Até o que não foi dito pesou sobre as ações. A empresa reiterou sua projeção de um resultado estável ou de leve melhora na margem de lucro operacional de 2022 em relação ao ano passado, mas não citou as projeções para 2023 de crescimento do lucro operacional, como havia feito no resultado do meio do ano.
Por enquanto, no resultado consolidado, o efeito não se fez sentir. A receita global cresceu 27,5% e o volume também avançou 8,9%. O aumento, é verdade, não está vindo do velho continente e, sim, de Brasil e México e de países da Ásia, que parecem estar voltando do período de lockdown só agora. Na Europa, o volume ficou praticamente estável, com crescimento orgânico de só 1,3% e, no Estados Unidos, houve queda para Dos Esquis e avanço de um dígito baixo para o rótulo Heineken.
Na operação brasileira da cervejaria holandesa, tanto a Heineken quanto a Amstel, seu rótulo "mainstream" (de faixa de preço intermediário), viram o volume crescer dois dígitos. Esse desempenho ajudou a Heineken a registrar um avanço de pouco mais de 30% na receita da operação brasileira, segundo o relatório de resultados. O desempenho também foi impulsionado por aumentos de preços superiores aos do mercado. O portfólio mais barato, que inclui rótulos como Bavaria, Glacial e Kaiser, continuou em queda, com recuo entre 10% e 13%. No total, o volume aqui avançou entre 8% e 9%.
Por aqui, a inflação da cerveja vive momentos diversos. A cerveja comprada no bar ainda está perdendo para o índice de inflação geral, o IPCA, quando observado o período acumulado de 12 meses. Até setembro, acumulava alta de 5,64% contra os 7,17% do IPCA geral. Já a cerveja comprada em supermercados ou atacarejos já acelerou a recuperação dos preços, avançando 10,68%
Na quinta-feira, 27, é a vez da maior cervejaria do mundo, a AB InBev divulgar seus resultados e o impacto nas operações da Europa também deve ser observado. Sua controlada, a Ambev (ABEV3), que é dona da Brahma e Skol, deve porém, seguir com algum avanço de volume no Brasil e melhoria de margem, segundo analistas de mercado, mas com os negócios nos países do Caribe e no Canadá ainda ruins, além de alguns países da América do Sul também vacilantes.
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