Invest

Ponto de inflexão? Bradesco sobe mais de 15% e puxa Ibovespa

Ações voltam a negociar a uma vez o patrimônio líquido; analistas vêem “transformação significativa”, mas recomendam cautela

Bradesco voltou a ser negociado no patamar de uma vez o seu valor patrimonial (Eduardo Frazão/Exame)

Bradesco voltou a ser negociado no patamar de uma vez o seu valor patrimonial (Eduardo Frazão/Exame)

Publicado em 8 de maio de 2025 às 13h50.

Última atualização em 8 de maio de 2025 às 17h47.

As ações do Bradesco (BBDC4; BBDC3) tiveram um pregão histórico, com alta de mais de 15%, após a divulgação de resultados do primeiro trimestre, ajudando a puxar o Ibovespa, que chegou a tocar a máxima histórica ao longo do dia.

A perspectiva de fim de alta de juros que se desenhou no pós-Copom ajudou. Mas para o banco da Cidade de Deus o balanço dos três primeiros meses do ano trouxe uma sinalização de ponto de inflexão em meio a uma longa transformação para retomada de crescimento e rentabilidade.

O lucro foi de R$ 5,9 bilhões no período, acima do consenso de mercado, puxado principalmente por um desempenho bastante acima do esperado na margem financeira – grosso modo, a capacidade do banco de ganhar dinheiro com juros.

Receitas com tarifas, seguros e despesas operacionais vieram mais em linha com as projeções.

Com o salto de hoje, o Bradesco voltou a ser negociado no patamar de uma vez o seu valor patrimonial. Há tempos, o banco, um dos três maiores do Brasil, negociava abaixo desse valor, sob dúvidas sobre sua capacidade de rentabilizar o patrimônio.

“A receita foi melhor que o esperado e o banco conseguiu gerar capital, o que era uma grande preocupação do mercado”, pondera o analista de uma casa de ações local. “Ainda tem muito trabalho por fazer, mas dá para começarmos a falar de um Bradesco mais ‘normal’.”

“Este é talvez o primeiro trimestre em que as tendências da receita orgânica sugerem uma melhora estrutural, sem saltos relevantes em nenhuma das linhas restantes”, corroborou o Citi.

O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) ficou em 14,4%, um avanço de 4,2 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2024 de 1,7 p.p. sobre os últimos três meses do ano passado. O número ficou acima das expectativas, que apontavam para algo mais próximo dos 13,5%.

Na coletiva com os jornalistas, nesta quinta-feira, 8, o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, manteve cautela e reafirmou a estratégia de entrega “passo a passo”.

“Não há expectativa de saltos abruptos. Será importante acompanhar o comportamento da margem com o mercado trimestre a trimestre. A perspectiva é de um crescimento gradual, com expectativa de um resultado superior ao cenário intermediário”, disse o CEO Marcelo Noronha em coletiva com jornalistas.

O executivo manteve o guidance para o ano, mas sinalizou que o banco deve atingir o crescimento da carteira de crédito mais próximo do teto do que o piso do intervalo.

“Acredito com firmeza que estamos mais próximos da banda superior do guidance — o topo dessa faixa, algo entre 6% e 8%”.

O BTG ressaltou que o Bradesco está passando por uma “transformação significativa”, mas manteve a postura cautelosa.

“Dado o tamanho do banco e sua complexidade esse deve ser um processo gradual e de longo prazo. Portanto, tirar conclusões fortes baseadas em apenas um trimestre pode ser enganoso – algo que já vimos acontecer mais de uma vez nos últimos anos”, ressaltou o analista Eduardo Rosman em relatório.

Tanto Citi quanto BTG mantiveram a recomendação “neutra”, de manutenção para as ações.

Acompanhe tudo sobre:BradescoCréditoBancosBalançosBTG PactualCitibank

Mais de Invest

OpenAI e Microsoft renegociam parceria para viabilizar abertura de capital, diz Financial Times

Mega-Sena: resultado do concurso 2.861; prêmio é de R$ 45 milhões

Ouro a US$ 6 mil? Para este banco, metal pode quase dobrar de preço até o fim da década