Radar: Ásia vivencia pior pregão para um primeiro dia do ano desde 2016 (Chris McGrath/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 2 de janeiro de 2025 às 08h32.
Última atualização em 2 de janeiro de 2025 às 10h49.
O mercado inicia oficialmente 2025, nesta quinta-feira, 2, com um dia de agenda mais esvaziada, onde indicadores de atividade industrial de dezembro serão o foco. Apesar do dia mais morno, o ano promete ser de desafios pela frente.
A crise das emendas parlamentares no Congresso piora a desconfiança sobre a governabilidade do Governo e ameaça a votação do Orçamento em fevereiro. Junta-se ao sentimento a frustração com a condução fiscal da equipe econômica.
O reflexo da perda de credibilidade é uma deterioração das expectativas macroeconômicas, principalmente a inflação. Neste ano, o Banco Central (BC) já contratou mais dois aumentos de 1 ponto percentuai (p.p.) logo nas primeiras duas reuniões de 2025, levando a Selic para a faixa de 14,25%. Entretanto, algumas casas já falam de Selic no patamar dos 15%.
Lá fora, todas as atenções se voltam para o segundo mandato de Donald Trump. O mercado espera para ver se o republicano irá seguir a agenda protecionista prometida na campanha, incluindo o aumento substancial das tarifas para produtos importados, principalmente os chineses, e uma política imigratória mais restritiva.
O resultado das medidas, caso concretizadas, seria uma maior inflação nos Estados Unidos e, consequentemente, um menor espaço para o Federal Reserve (Fed, banco central americano) cortar juros.
O movimento nos EUA, junto com a dificuldade de governabilidade local, pressionam o dólar e levam a divisa americana às alturas, encerrando 2024 com uma alta de 27,34% – a maior valorização anual desde 2020. Na outra ponta, o ambiente é desafiador para ativos de risco e puxam o Ibovespa para baixo, encerrando o ano passado com queda de 10,3%.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) industrial da China, divulgado na quarta-feira, 1º, pela S&P Global em parceria com a Caixin, recuou para 50,5 em dezembro, frente 51,5 em novembro. O resultado veio abaixo das expectativas de analistas consultados pela FactSet, que projetavam o avanço do indicador para 51,7 no mês passado.
O resultado foi o pior primeiro dia desde 2016 para as ações chinesas, impactando todas as bolsas da Ásia, que fecharam em queda. O que acontece é que o dado sobre o setor de manufatura induziu renovadas preocupações sobre as perspectivas para a segunda maior economia do planeta.
Apesar da desaceleração, o PMI industrial se manteve acima da marca de 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo. Dois dias antes, o PMI composto oficial da China - medido pela National Bureau of Statistics (NBS) - também indicou que a atividade econômica segue em expansão, passando de 50,8 em novembro para 52,2 em dezembro.
O PMI de serviços, por sua vez, subiu para 52,2 em dezembro, ante 50,0 em novembro, superando a expectativa de 50,2. Por outro lado, o PMI industrial recuou de 50,3 para 50,1 no mesmo período, ficando abaixo das projeções dos analistas, que esperavam 50,2.
Na terça-feira, 31, o presidente da China, Xi Jinping, reforçou a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático cumpra a meta oficial do governo de crescimento de cerca de 5% em 2024.
Em discurso durante a conferência para o Ano Novo, Xi Jinping também prometeu a adoção de uma política macroeconômica mais "proativa" em 2025, segundo veículos de comunicação oficiais, numa tentativa do governo de frear a desaceleração da segunda maior economia do mundo.
"Devemos criar políticas macroeconômicas mais proativas e eficazes", declarou o líder durante um evento de fim de ano do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, de acordo com a emissora estatal CCTV.
Na Europa, investidores também repercutem o PMI industrial de diversos locais. O PMI industrial da zona do euro recuou de 45,2 em novembro para 45,1 em dezembro, ficando ligeiramente abaixo tanto da prévia quanto da estimativa de 45,3 pontos.
Na França, a atividade industrial diminuiu de 43,1 em novembro para 41,9 em dezembro, atingindo o menor patamar desde maio de 2020, enquanto persistem preocupações com os desafios do governo em relação ao orçamento.
Na Alemanha, o indicador caiu de 43 em novembro para 42,5 em dezembro, em linha com a prévia e as projeções do mercado. Já no Reino Unido, o PMI Industrial recuou de 48 em novembro para 47 em dezembro, marcando o menor nível dos últimos 11 meses e ficando abaixo da previsão de 47,3 pontos.
Por aqui, o destaque entre os indicadores será o fluxo cambial semanal divulgado pelo Banco Central às 14h30. Já nos Estados Unidos, o mercado acompanha os pedidos de auxílio-desemprego, às 10h30, e o PMI industrial de dezembro, às 11h45.