Bomba de combustível: governo quer zerar impostos federais e limitar ICMS de estados (Buda Mendes/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 7 de junho de 2022 às 07h14.
Última atualização em 7 de junho de 2022 às 07h28.
O fantasma da inflação e desaceleração econômica voltou a assombrar investidores nesta terça-feira, 7, após leve alívio no mercado internacional no início da semana. Índices de Wall Street caem no mercado de futuros, estendendo a piora apresentada já na segunda metade do último pregão. A maior cautela com ações ocorreu em linha com o aumento do rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro americano, que se firmou acima de 3%, com investidores à espera de juros mais altos nos Estados Unidos.
O rendimento apresenta leve queda nesta manhã, mas segue acima de 3%, próximo do maior patamar em um mês. O movimento, porém, pode ser apenas mais um sintoma da maior aversão ao risco, já que quanto maior a demanda pelos títulos (considerados os mais seguros do mundo) menor tende a ser o rendimento. O dólar, por sinal, sobe contra divisas do mundo todo, indicando maior busca pela moeda americana -- possivelmente para a compra de títulos ou para proteção contra a alta dos juros americanos.
Os sentimentos sobre a política monetária americana estão ainda mais à flor da pele desde o que dados de trabalho americano saíram acima do esperado na sexta-feira, 3, aumentando a percepção sobre as pressões inflacionárias. Nesta sexta-feira, 10, será divulgado o Índice de Preço ao Consumidor americano, o último antes da decisão de juros do Federal Reserve, na semana que vem.
A próxima semana também será de reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central. A expectativa, segundo o Focus parcial divulgado na véspera, ainda é de elevação residual da Selic para 13,25% ao ano.
Além das políticas monetárias, investidores brasileiros seguem atentos aos planos heterodoxos do Planalto para reduzir o preço do combustível -- um dos principais gargalos para o controle da inflação local.
Na última noite, o presidente Jair Bolsonaro, junto com o ministro Paulo Guedes e os presidentes da Câmara e Senado, apresentou um plano para baratear o combustível por meio de redução da alíquota do ICMS cobrado por estados e a zeragem de impostos federais até o fim do ano. A medida, embora possa ter efeitos de curto prazo sobre os preços, é vista com desconfiança, já que mina ainda mais as contas públicas de estados e da União.
O governo prevê que o impacto da desoneração do combustível seja entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões e espera compensar estados pela perda de arrecadação. A proposta formalizada por meio de PEC será analisada pelo Congresso
Embora o plano descarte uma interferência direta na principal estatal do país, as ingerências sobre a Petrobras podem estar longe do fim. Após a indicação de um novo nome para a presidência da companhia, Bolsonaro afirmou que seu novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, "quer mudar toda" a companhia.
A privatização da Eletrobras ficou ainda mais próxima de ser concretizada com a aprovação do aporte de Furnas na usina Santo Antônio, uma das condicionantes para a operação. No fim de semana, a Assembleia de Debenturistas de Furnas que aprovou a medida chegou a ser suspensa em liminar, que foi derrubada na segunda-feira, abrindo espaço para a aprovação.
A Eletrobras informou na última noite em fato relevante que, após imbróglio envolvendo sua subsidiária, está tudo certo para a oferta de ações que deve marcar a privatização da companhia.
A CVC informou em prévia operacional que o volume de reservas aumentou 19% em maio em relação ao mês anterior. As reservas confirmadas, segundo a companhia já equivalem a 152% de todo o segundo trimestre do ano passado.