Mercado brasileiro: A emissão de títulos de dívida globais, por outro lado, aumentou 30,6%, atingindo US$ 7,3 bilhões (Germano Lüders/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 6 de julho de 2023 às 12h43.
Última atualização em 6 de julho de 2023 às 12h44.
Executivos do Banco Itaú BBA, o banco de investimentos líder no Brasil no primeiro semestre, acreditam que o pior já passou para os mercados de ações e títulos de dívida do país.
“No começo do ano, saíram as operações que realmente precisavam acontecer, nas quais o acionista precisava vender ou a empresa precisava desalavancar; agora, você começa a ter mais transações, e elas são para crescimento, novos investimentos”, disse Cristiano Guimarães, responsável pelo banco corporativo e de investimento do Itaú BBA, que ficou na primeira posição do ranking de receita com comissões da Dealogic nos primeiros seis meses do ano.
As ofertas de ações de empresas brasileiras até agora este ano atingiram R$ 18 bilhões, 66,3% a menos que no mesmo período do ano passado, enquanto as vendas de títulos corporativos locais chegaram a R$ 84,9 bilhões, 39% a menos do que em 2022, segundo dados compilados pela Bloomberg. A emissão de títulos de dívida globais, por outro lado, aumentou 30,6%, atingindo US$ 7,3 bilhões, mostram os dados.
A empresa de aluguel de carros Localiza levantou cerca de R$ 4,5 bilhões em uma oferta de ações no mês passado e os recursos serão usados para planos de crescimento, incluindo a expansão da sua frota de veículos. A Direcional anunciou na sexta-feira que levantou R$ 428,88 milhões em uma oferta de ações para ser usada para “crescimento e melhoria da estrutura de capital”.
“Assim que o mercado se convenceu de que os juros iriam cair, a gente começou a ver mais ofertas de ações”, disse Roderick Greenlees, chefe de banco de investimento no Itaú BBA, que calcula que as companhias brasileiras farão até 50 ofertas de ações este ano, incluindo as vendas em bloco. No ano passado, foram 31 operações, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A perspectiva de queda da taxa de juros, que está no maior nível em 6 anos, também estimula a retomada dos mercados de títulos locais, principalmente as operações que contam com isenção de impostos para investidores, disse Guilherme Albuquerque de Maranhão, chefe de vendas e estruturação de renda fixa do Itaú BBA.
A Iguá Saneamento anunciou no dia 26 de junho a venda de R$ 3,8 bilhões em debêntures de infraestrutura, que contam com incentivos fiscais, e a parcela de R$ 2 bilhões que foi a mercado teve demanda 1,6 vezes maior que a oferta, segundo a empresa.
“Essas transações com excesso de demanda mostram o retorno do apetite do investidor”, disse Maranhão, que estima que o total de títulos de dívida corporativa a serem distribuídos no mercado interno chegará a R$ 120 bilhões neste ano, em comparação com os cerca de R$ 200 bilhões em 2022.
A revisão da perspectiva do rating soberano do Brasil de estável para positiva pela S&P Global Ratings em 14 de junho também está ajudando a impulsionar as transações no mercado de capitais, principalmente de títulos de dívida internacionais, disse Maranhão.
As receitas totais com comissões de assessoria em fusões e aquisições e liderança em transações de ações e títulos de dívida chegaram a US$ 291 milhões no primeiro semestre deste ano, uma queda de 40% em relação ao mesmo período do ano passado, disse a Dealogic. O Itaú BBA tinha uma participação de 14,3% no mercado, ante 12,1% nos primeiros seis meses do ano passado, segundo a Dealogic.
Mesmo com uma perspectiva melhor para o segundo semestre, Guimarães ainda acredita que o total de receitas de banco de investimento no Brasil deverá cair cerca de 25% em 2023 em relação a 2022.
“Será difícil recuperar”, ele disse.
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