Invest

Pfizer abandona pílula para emagrecimento; ações da Novo Nordisk sobem 4,5%

Farmacêutica encerra testes com danuglipron e reforça aposta em novos medicamentos contra obesidade

Pfizer: Paciente apresentou lesão no fígado após teste clínico (Dado Ruvic/Reuters)

Pfizer: Paciente apresentou lesão no fígado após teste clínico (Dado Ruvic/Reuters)

Publicado em 14 de abril de 2025 às 10h36.

Última atualização em 14 de abril de 2025 às 10h37.

A Pfizer anunciou nesta segunda-feira, 14, que vai encerrar o desenvolvimento de sua pílula experimental para perda de peso, o danuglipron, após um paciente apresentar uma possível lesão no fígado durante um ensaio clínico.

Embora o voluntário não tenha manifestado sintomas, exames apontaram elevação nas enzimas hepáticas — sinal comum de dano ao órgão. A condição foi revertida rapidamente após a interrupção do uso do medicamento, segundo a companhia.

A decisão, conforme comunicado da Pfizer, foi tomada após uma análise completa dos dados clínicos gerados até o momento e também com base em comentários recentes de autoridades regulatórias.

O episódio ocorreu em um estudo com aumento rápido da dosagem do remédio, que pertence à classe dos agonistas de GLP-1 — a mesma de medicamentos como Wegovy e Ozempic, da Novo Nordisk.

“Embora estejamos desapontados por descontinuar o danuglipron, seguimos comprometidos em avançar programas promissores que possam oferecer inovações aos pacientes”, afirmou Chris Boshoff, diretor científico da Pfizer, em nota.

A suspensão representa mais um obstáculo na tentativa da Pfizer de conquistar espaço no mercado bilionário de medicamentos para emagrecimento baseados em GLP-1, hoje dominado por rivais como Eli Lilly e Novo Nordisk.

Estimativas de analistas indicam que esse segmento pode ultrapassar US$ 150 bilhões até o início da próxima década, sendo US$ 50 bilhões referentes a versões orais.

Após o anúncio, as ações da Novo Nordisk subiram 4,5% na bolsa de Londres. As ações da Pfizer abriram o pregão estáveis em Nova York, depois de uma queda de 3,45% na semana passada.

Desafio da Pfizer

O danuglipron já havia enfrentado dificuldades no passado: em dezembro de 2023, a Pfizer abandonou uma versão de duas doses diárias após pacientes relatarem baixa tolerabilidade. Em julho, a farmacêutica demonstrava otimismo com a versão de dose única diária, cujos estudos em estágio inicial chegaram a alcançar metas importantes e apontavam potencial competitivo em eficácia e tolerabilidade. Ainda assim, os resultados não foram suficientes para sustentar o avanço do projeto.

A empresa segue apostando em outras moléculas para o tratamento da obesidade, incluindo um composto oral que bloqueia o hormônio intestinal GIPR e que já está em testes clínicos de fase dois. A farmacêutica também desenvolve um novo GLP-1 oral em fase inicial.

O fim do danuglipron ocorre num momento em que a Pfizer tenta retomar seu crescimento após a queda nas receitas com produtos contra a Covid-19. A companhia tem reforçado que, além da oncologia, a obesidade continua sendo uma das áreas prioritárias em seu pipeline de inovação.

Acompanhe tudo sobre:Novo NordiskPfizerOzempicAçõesEmagrecimentoObesidade

Mais de Invest

Banco do Brasil promove trocas nas lideranças de cinco empresas do conglomerado

Bolsas globais superam desempenho dos EUA nos primeiros seis meses do governo Trump

Vale a pena investir em arte? Entenda como funciona o mercado

Ibovespa fecha em queda de 1,61% pressionado por tensões políticas