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Petróleo recua mais de 3% com incertezas sobre trégua entre Israel e Irã

Queda reflete menor risco no fornecimento, enquanto dúvidas sobre a trégua mantêm cautela no mercado

Publicado em 24 de junho de 2025 às 08h52.

Os preços do petróleo operam em forte queda na manhã desta terça-feira, 24, após o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Irã, que já começou a ser questionado. Israel acusa Teerã de violar a trégua, enquanto o governo iraniano nega qualquer ataque após o acordo intermediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Apesar das incertezas, a trégua reduziu, ao menos temporariamente, as preocupações com o risco de interrupção no fornecimento global, especialmente na região do Estreito de Ormuz. Por volta de 8h25, o barril do Brent recuava 3,46%, negociado a US$ 68,08, enquanto o WTI caía 3,56%, cotado a US$ 66,07.

Na véspera, as cotações já haviam despencado mais de 7%, refletindo a percepção dos investidores e analistas de que os ataques do fim de semana não devem evoluir para um conflito mais amplo.

O movimento representa uma reversão brusca em relação aos dias anteriores, quando o Brent chegou a encostar nos US$ 80 com a escalada de tensões no Oriente Médio. A guerra, que começou em 13 de junho, elevou a volatilidade no mercado de commodities, com o Brent oscilando dentro de uma faixa de US$ 10 só na segunda-feira, o maior intervalo desde julho de 2022.

A sinalização de alívio geopolítico ocorre após Trump declarar, na madrugada, um cessar-fogo imediato, acordado diretamente com os governos de Israel e Irã. A decisão acontece depois de dias de ofensivas que incluíram ataques dos EUA a instalações nucleares iranianas e retaliações do Irã, incluindo um ataque a uma base americana no Catar, que, segundo autoridades, foi previamente avisado e não deixou vítimas.

Apesar do anúncio, o clima segue tenso. Israel afirmou que respondeu ao que considerou uma violação do cessar-fogo após a detecção de um míssil disparado pelo Irã. Teerã, por sua vez, nega qualquer ataque após o acordo.

Trump reagiu publicamente às notícias de novos ataques e criticou duramente qualquer desrespeito ao cessar-fogo. Em publicações nas redes sociais, o presidente classificou uma possível retomada das ofensivas como uma “grave violação” da trégua e pediu que os países envolvidos retirem suas tropas e evitem novos bombardeios.

Analistas alertam que, apesar do recuo do prêmio de risco no preço do petróleo, o risco de novos episódios de escalada não está completamente descartado. "O prêmio de risco geopolítico se desfez rapidamente, mas o conflito permanece tecnicamente não resolvido. A possibilidade de erros de cálculo ou retomada das hostilidades segue no radar", disse Ole Hvalbye, analista do SEB, em entrevista à Reuters.

Além do cenário no Oriente Médio, os mercados acompanham de perto os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos. A queda dos preços do petróleo, que tende a aliviar pressões inflacionárias, reforça apostas de que o Federal Reserve possa iniciar o ciclo de cortes de juros ainda este ano.

O presidente do Fed, Jerome Powell, discursa nesta terça-feira no Congresso americano. Até o momento, ele tem adotado uma postura mais cautelosa, evitando sinalizar qualquer decisão iminente.

Preço do ouro

O ouro também recua nesta terça-feira, pressionado pela menor busca por ativos de proteção após o anúncio da trégua entre Israel e Irã. Por volta das 7h35, o preço do metal à vista caía 1,3%, negociado a US$ 3.325,68 a onça, no menor patamar em duas semanas. Na véspera, o ouro já havia perdido mais de 1%.

O ouro encontra suporte na faixa dos US$ 3.300, patamar considerado um piso relevante por analistas ouvidos pela Reuters. A expectativa, no entanto, é de que os preços voltem a subir no segundo semestre, especialmente se o Federal Reserve der início ao ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos.

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