Mercados

Petróleo oscila com dúvidas sobre congelamento da produção

Analistas dizem que o acordo é insuficiente porque os quatro países só implementarão a decisão se outros grandes produtores fizerem o mesmo - o que inclui o Irã


	Petróleo: analistas dizem que o acordo é insuficiente porque os quatro países só implementarão a decisão se outros grandes produtores fizerem o mesmo - o que inclui o Irã
 (thinkstock)

Petróleo: analistas dizem que o acordo é insuficiente porque os quatro países só implementarão a decisão se outros grandes produtores fizerem o mesmo - o que inclui o Irã (thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 11h54.

Londres - Os contratos futuros de petróleo operam perto da estabilidade, depois de terem subido fortemente no começo do dia em reação à notícia de que Arábia Saudita, Rússia, Catar e Venezuela concordaram em congelar a produção da commodity nos níveis de janeiro.

Analistas afirmam, porém, que o acordo é insuficiente porque a produção atual está alta demais e porque os quatro países só implementarão a decisão se outros grandes produtores fizerem o mesmo - o que inclui o Irã.

Os quatro países combinados produziram em média cerca de 23,75 milhões de barris por dia de petróleo em janeiro, o que corresponde a mais de 25% da produção global total.

Nesta semana, o Irã entregou o primeiro embarque de petróleo para a Europa desde que as sanções contra o país foram suspensas, no começo de janeiro.

"Agora que as sanções foram suspensas o Irã dificilmente estará disposto e manter sua produção no nível baixo em que ficou durante o período das sanções (...) tendo em vista que a maior prioridade de Teerã é recuperar a fatia de mercado que perdeu", comentaram analistas do Commerzbank em nota a clientes.

Mesmo se outros países se unirem ao acordo, congelar a produção nos níveis atuais não é a solução que muitos do mercado esperavam depois de terem visto o preço do petróleo cair cerca de 70% desde junho de 2014. Os países têm mantido a produção alta enquanto tentam proteger ou ampliar suas fatias de mercado desde que os EUA iniciaram a exploração de óleo de xisto.

A Rússia produziu 10,989 milhões de barris por dia em janeiro, um recorde desde o fim da era soviética, enquanto a Arábia Saudita produziu 9,95 milhões de barris por dia. Além disso, analistas alertam que, enquanto a produção segue alta, o crescimento da demanda de consumidores importantes, como a China, vem se enfraquecendo.

Diante disso, os preços do petróleo devem continuar oscilando conforme as notícias sobre cortes na produção. "A volatilidade é o nome do jogo no momento", disse Virendra Chauhan, analista da Energy Aspects. "Você vê um rali de 5%, mas quando olha os fundamentos o avanço diminui novamente."

"Eu não acho que o acordo ajuda em nada no combate ao excesso de oferta", afirmou Edward Bell, analista de commodities da Emirates NDB, em Dubai.

Ainda assim, outros agentes do mercado dizem que o acordo deve ser visto como um passo importante no processo de maior coordenação e mais ganhos nos preços adiante. "A reunião foi um excelente primeiro passo e ninguém deveria ter esperado seriamente nada mais que isso", comentou Sadad al-Husseini, ex-chefe de exploração e produção da Saudi Aramco e agora um consultor independente.

Às 11h28 (de Brasília), o petróleo para março negociado na Nymex caía 0,24%, para US$ 29,37 por barril, enquanto o Brent para abril recuava 0,33% na ICE, para US$ 33,28 por barril.

Acompanhe tudo sobre:PetróleoÁsiaEnergiaIrã - PaísCommodities

Mais de Mercados

Ibovespa opera próximo à estabilidade no último pregão da semana

CEO diz que Azul já tem dinheiro para sair da recuperação judicial

Após balanço fraco, Oncoclínicas (ONCO3) afirma estudar aumento de capital

Com tese de 'reserva de bitcoin', Méliuz (CASH3) conclui listagem e começa a ser negociada nos EUA