Mercados

Petróleo líbio não deve voltar ao mercado mundial antes de 1 ano

A Líbia produzia 1,6 milhão de barris por dia antes de a indústria de petróleo do país ser paralisada pelos confrontos entre rebeldes e o governo de Gaddafi

Campo de petróleo: turbulências geopolíticas na região que concentra o petróleo do mundo (Essam Al-Sudani/AFP)

Campo de petróleo: turbulências geopolíticas na região que concentra o petróleo do mundo (Essam Al-Sudani/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2011 às 19h52.

Londres - A Líbia não retomará o fornecimento de petróleo para os mercados globais por ao menos entre 12 e 18 meses, dizem analistas e gestores de fundos, acrescentando que os possíveis danos às instalações por sabotagem ou pelos ataques aéreos do Ocidente poderão resultar numa interrupção muito mais demorada.

A ausência no médio prazo do petróleo líbio já foi precificada pelos mercados, mas qualquer dano importante à infraestrutura colocará uma pressão ainda maior sobre os preços do petróleo, enquanto a expectativa é de que a demanda global atinja uma alta histórica este ano.

"Como ação derradeira de rebeldia, (o líder líbio Muammar) Gaddafi poderá sabotar intencionalmente os campos de petróleo e a infraestrutura petrolífera para frustrar a coalizão da ONU. O reparo de tais danos poderia durar vários anos, mantendo a produção de petróleo reduzida por um longo período de tempo", disse Adam Taylor, do Liongate Capital Management, que tem 600 milhões de dólares com gestores de commodities.

"A questão mais importante é a estratégia de saída da coalizão da ONU e se a Líbia entrará numa guerra civil de vários anos, o que poderia causar uma redução permanente na produção de petróleo líbia", disse.

A Líbia produzia 1,6 milhão de barris por dia antes da indústria de petróleo do país ser paralisada pelos confrontos entre rebeldes e o governo de Gaddafi. As exportações foram interrompidas por sanções internacionais.

Jeremy Charlesworth, investidor-chefe da gestora de fundos Moonraker, disse acreditar que a produção deverá permanecer interrompida por 18 meses.

Os analistas Amrita Sem, do Barclays Capital, Mike Wittner, da Societe Generale, e Simon Wardell, do IHS Global Insight, estimam que as exportações líbias serão interrompidas por ao menos 12 meses.

"Mesmo que nos livrássemos de Gaddafi na sexta-feira, levaria outros 18 meses mais ou menos para voltar com a produção", disse Charlesworth.

"Digo isso porque, se Gaddafi cair junto com todos os seus principais comparsas, não sobraria nenhuma expertise política no país para gerenciar as coisas. Imagino que será muito caótico enquanto eles resolvem."

Ele afirmou que as petrolíferas do Ocidente serão relutantes em gastar dinheiro na reconstrução enquanto houver um vácuo político e esperariam para ver que tipo de cenário político a Líbia apresentará daqui a seis a oito meses antes de colocar dinheiro lá de novo.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEnergiaGuerrasLíbiaPetróleo

Mais de Mercados

ETF da Argentina bate recorde de investimentos e mostra otimismo de Wall Street com Milei

Ibovespa fecha em alta à espera de fiscal e bolsas americanas ficam mistas após ata do FED

B3 lança novo índice que iguala peso das empresas na carteira

Carrefour Brasil: desabastecimento de carne bovina afeta lojas do Atacadão