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Petróleo, dólar e volatilidade: como o ataque dos EUA ao Irã pode mexer com a economia global

Com a entrada dos EUA no conflito entre Irã e Israel e o petróleo podendo chegar a US$ 100, a procura por investimentos mais seguros escalou

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 23 de junho de 2025 às 07h05.

Última atualização em 23 de junho de 2025 às 09h32.

O recente ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares do Irã aumentou a preocupação entre investidores e pode provocar uma disparada nos preços do petróleo e reações nos mercados globais. 

Segundo analistas ouvidos pela Reuters, a escalada tende a gerar uma busca por ativos considerados seguros, como dólar e títulos do Tesouro americano.

Neste domingo, 22, os mercados de ações do Oriente Médio mostraram pouca reação aos bombardeios. Entretanto, uma resposta ao envolvimento direto dos EUA no conflito, que bombardeou três instalações nucleares iranianas, pode mudar o cenário.

Em um pronunciamento em rede nacional, o presidente dos EUA, Donald Trump, chamou a ofensiva de “um sucesso militar espetacular” e declarou que as “principais instalações de enriquecimento nuclear do Irã foram completamente obliteradas”. Trump ainda ameaçou novos ataques, caso o Irã não aceite um acordo de paz.

Consequências de uma possível retaliação do Irã

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que o país avalia suas opções de retaliação e só deve considerar a via diplomática após executar sua resposta. “O Irã reserva todas as opções para se defender”, disse, em discurso em Istambul.

Para os mercados, o impacto das ações americanas ainda é incerto. “Acho que os mercados vão ficar alarmados inicialmente, e o petróleo deve abrir em alta”, disse Mark Spindel, diretor de investimentos da Potomac River Capital. “Mesmo que Trump diga que isso já acabou, estamos envolvidos. A incerteza vai dominar os mercados e aumentar a volatilidade, especialmente no petróleo.

Especialistas afirmam que o preço do petróleo pode ultrapassar os US$ 100 caso o Irã reaja aos ataques de forma intensa. Saul Kavonic, da MST Marquee, acredita que Teerã pode atacar infraestrutura americana no Golfo Pérsico, incluindo ativos no Iraque, ou dificultar o tráfego de navios no Estreito de Ormuz - rota estratégica por onde passa cerca de 20% do petróleo global.

Um levantamento da Wedbush Securities mostrou que, em conflitos anteriores no Oriente Médio, como a invasão do Iraque em 2003 e os ataques à Arábia Saudita em 2019, as bolsas caíram inicialmente, mas se recuperaram em até dois meses. O S&P 500, por exemplo, caiu 0,3% nas três semanas seguintes, mas subiu 2,3% após dois meses.

O dólar pode se beneficiar

A intensificação do conflito também pode provocar uma reação positiva no dólar, apesar da recente fraqueza da moeda. “Se houver uma fuga para a segurança, veremos os rendimentos caírem e o dólar se fortalecer”, disse Steve Sosnick, da IBKR. “É difícil imaginar que as ações não reajam negativamente. A dúvida é o quanto.”

Jack McIntyre, da Brandywine Global, revelou que o mercado está altamente sensível à inflação, o que pode limitar a valorização dos títulos do Tesouro americano. No entanto, ele afirma que o cenário pode mudar completamente se o ataque resultar em mudança de regime no Irã. “Isso teria um impacto muito maior na economia global, caso o Irã adote uma postura mais aberta e amigável”.

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