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Petrobras tem US$ 25 bi em ofertas e reduz receio de saturação

Houve diminuição de receios de que a captação recorde de US$ 7 bilhões da estatal criaria um excesso de oferta

As especulações de que os títulos da Petrobras podem cair estão diminuindo com a demanda por ativos de mercados emergentes (Bruno Veiga/Divulgação)

As especulações de que os títulos da Petrobras podem cair estão diminuindo com a demanda por ativos de mercados emergentes (Bruno Veiga/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2012 às 08h08.

São Paulo/Nova York - Os títulos de dívida em dólar da Petróleo Brasileiro SA registraram a maior valorização em oito semanas, reduzindo os receios de que a captação recorde de US$ 7 bilhões da estatal criaria um excesso de oferta.

O rendimento dos títulos da Petrobras com vencimento em 2021 caiu 21 pontos-base nos últimos cinco dias, para 4,64 por cento, o menor patamar em 11 semanas. O rendimento da dívida corporativa de mercados emergentes caiu 9 pontos-base, ou 0,09 ponto percentual, no período para 4,92 por cento, segundo dados do JPMorgan Chase & Co. Os papéis da estatal pagam 136 pontos- base a mais do que a dívida do governo brasileiro de prazo similar. Em 23 de janeiro, a diferença era de 161 pontos-base.

As especulações de que os títulos da Petrobras podem cair em meio à captação recorde da companhia no mercado externo estão diminuindo com a demanda crescente por ativos de mercados emergentes. Investidores estão em busca de alternativas para os ativos europeus e dívidas com grau de investimento e baixo rendimento. A estatal, sediada no Rio de Janeiro, pretende captar até US$ 18 bilhões por ano até 2015, principalmente nos mercados internacionais, para mais que dobrar a produção até 2020 e desenvolver a maior descoberta de petróleo do continente americano em mais de três décadas.

“Não existem muitos lugares onde se possa ir como investidor e se sentir realmente confortável”, disse Alfredo Viegas, diretor-gerente de mercados emergentes da Knight Capital em Greenwich, no estado americano de Connecticut, em entrevista por telefone. “Se você procura bônus em dólar de classificação de risco elevada em que se pode confiar e sem muitas preocupações, a Petrobras é uma referência relativamente decente. Os desafios da Região do Euro criaram maior demanda por empresas com crescimento e classificação elevada fora da Região do Euro.”

US$ 25 bilhões em ofertas

A captação da Petrobras atraiu cerca de US$ 25 bilhões em ofertas, disse Surat Maheshwari, chefe de empréstimos sindicalizados internacionais do Itaú BBA USA Securities, que ajudou a coordenar a operação juntamente com BB Securities, Citigroup Inc., JPMorgan Chase & Co., Morgan Stanley e Banco Santander.

A estatal tem nota de crédito A3 na escala da Moody’s Investors Service, quatro níveis acima do chamado junk bond, e BBB nas escalas da Standard & Poor’s e da Fitch Ratings, o segundo menor grau de investimento.

A Petrobras disse em comunicado por e-mail que usará os recursos da captação para financiar investimentos. Um representante da estatal no Rio de Janeiro se recusou a fazer comentários adicionais para esta reportagem.


Planos de emissão

O diretor financeiro Almir Barbassa disse em entrevista em 12 de janeiro que a empresa pretende vender este ano uma quantia similar aos US$ 9,6 bilhões emitidos na forma de dívida em 2011.

A Petrobras vendeu US$ 1,25 bilhão em títulos com prazo de três anos a um rendimento de 275 pontos-base a mais do que a taxa dos títulos do Tesouro americano, e US$ 1,75 bilhão em papéis de cinco anos a uma diferença de 290 pontos-base. A empresa também vendeu US$ 2,75 bilhões em bônus com vencimento em 2021 a um rendimento 295 pontos-base superior ao dos Treasuries, e US$ 1,25 bilhão dos papéis de 2041 a uma diferença de 295 pontos-base.

A venda se igualou à oferta de US$ 7 bilhões da SABMiller Plc no mês passado como a maior colocação deste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

‘Base expandida’

“Pensando nos papéis corporativos e soberanos europeus, provavelmente ainda existe algum receio, então a alternativa está nos mercados emergentes”, disse Edgardo Sternberg, estrategista de dívida de mercados emergentes da Loomis Sayles & Co. em Boston, em entrevista por telefone. “É parte de uma base expandida que existe desde o ano passado. Há apetite suficiente de investidores de fora que têm muito dinheiro.”

A colocação da Petrobras se encaixa no cenário de disparada de emissões internacionais desencadeado pelo aumento da demanda por ativos de mercados emergentes. Captadores de países emergentes emitiram US$ 40,2 bilhões no mês passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Su Fei Koo, que ajuda a administrar cerca de US$ 850 milhões em dívida de mercados emergentes na DoubleLine Capital LP, disse que a decisão da Petrobras de diminuir duas vezes o cupom oferecido nos títulos com vencimento em 2021 e 2041 antes da colocação reduziu a atratividade dos papéis.

“Foi oferecida alguma concessão, mas não tão boa quanto a previsão” inicial, disse Koo em entrevista por telefone de Los Angeles.

A ação da Petrobras subiu 1,5 por cento ontem para R$ 24,95, acumulando ganho de 16 por cento este ano, comparado uma alta de 14 por cento do Ibovespa no período.

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