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Petrobras fecha em queda de 6% após Lira pressionar renúncia de CEO publicamente

Presidente da Câmara exigiu saída "imediata" de José Mauro Coelho e falou em "legado de destruição"

Petrobras: ação desaba nesta sexta (Paulo Whitaker/Reuters)

Petrobras: ação desaba nesta sexta (Paulo Whitaker/Reuters)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 17 de junho de 2022 às 11h09.

Última atualização em 17 de junho de 2022 às 17h39.

As ações da Petrobras (PETR4) fecharam em queda de 6,09% nesta sexta-feira, 17 de junho. Durante o pregão, os papéis chegaram a cair mais de 9%.Parte do movimento reflete o ajuste de preço à queda superior a 5% registrada pelos papéis da companhia negociados em Nova York (ADRs) na quinta-feira, 16.

Bolsas do mundo inteiro registraram duras perdas na véspera, enquanto o mercado brasileiro esteve fechado devido ao feriado de Corpus Christi. O EWZ, ETF que representa a bolsa brasileira nos Estados Unidos, caiu mais de 4% -- próximo à queda do índice Nasdaq.

Mas a sangria das ADRs ainda não foi estacada, com os papéis voltando a cair mais de 3% em Nova York, apesar da recuperação de índices internacionais nesta sexta. por outro lado, o petróleo joga contra, caindo mais de 4% por expectativa de que a alta dos juros globais reduza a demanda pela commodity.

Além da maior aversão global ao risco, no radar dos investidores estão pressões para que o atual CEO da Petrobras, José Mauro Coelho, deixe o cargo. As repercussões ocorrem desde a última noite, quando o blog de Andréia Sadi, no G1, revelou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, exigiu que o CEO renunciasse ao cargo "imediatamente". O pedido teria o aval do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com o blog. 

Nesta manhã, Arthur Lira resolveu ir a público pressionar pela renúncia do atual presidente da Petrobras. Pelo Twitter, o presidente da Câmara disse Mauro Coelho deixará um "legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo". As ações, que caíam cerca de 4% antes da publicação, estenderam as perdas para mais de 9%.

A afirmação do presidente da Câmara é contestada pelos agentes do mercado, principalmente no que diz à contribuição da Mauro Coelho à empresa e aos acionistas.

"Entendemos que o reajuste diminui a defasagem frente aos preços internacionais, o que é positivo para as finanças da companhia. Mas entendemos que a medida foi desenvolvida por lideranças que estão de saída da companhia, o que impede a dissolução das assimetrias referentes ao tema para os próximos meses", afirmaram analistas da Ativa em nota.

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A alta dos combustíveis

Como pano de fundo da maior pressão sobre José Mauro Coelho está o reajuste de preço de combustíveis anunciado nesta manhã pela companhia. A Petrobras aumentou  preço do litro de gasolina de R$ 3,86 para R$ 4,06 para distribuidoras e do do diesel de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro.

André Perfeito, economista-chefe da Necton, afirmou que os recentes movimentos do governo se mostraram "erráticos" em relação à condução da política de preços da Petrobras. "Esse comportamento errático cobra o preço de um aumento da percepção de risco. A alta do combustível já era esperada e ainda assim o aumento saiu abaixo da paridade internacional. Eles não estão sabendo lidar com a política de preços da Petrobras."

A saída de Mauro Coelho é esperada desde o fim de maio, quando o governo indicou Caio Paes de Andrade, então secretário de desburocratização do Ministério da Economia, para assumir o comando da Petrobras.

"Essa dinâmica envolvendo a Petrobras irá continuar mesmo se sair o Mauro Coelho sair agora para entrar o Paes de Andrade -- a menos que o preço do petróleo comece a subir porque os Estados Unidos estão subindo fortemente a taxa de juros

O mercado contesta que interferências no preço do combustível poderia causar desabastecimento. "O Brasil não é autossuficiente em combustíveis, principalmente com relação ao diesel, precisando importar cerca de 30%. Mas o mercado do diesel está extremamente apertado no mundo. Com problemas na oferta e sem perspectivas de redução da demanda, só há uma consequência provável, que é o aumento dos preços", disseram analistas da Levante em nota.

Veja também:
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