Petrobras: ação dispara após reajuste de preços (YASUYOSHI CHIBA/AFP/Getty Images)
Repórter
Publicado em 15 de agosto de 2023 às 12h45.
Última atualização em 16 de agosto de 2023 às 11h30.
As altas de preços da gasolina e diesel feitas pela Petrobras nesta terça-feira, 15, soaram aos ouvidos do mercado como um gatilho para a compra de ações da estatal. A demanda pelos papéis foi tão grande que o preço chegou a subir mais de 4% nos primeiros minutos de pregão.
Analistas avaliam que o aumento do preço dos combustíveis representa uma redução dos riscos na tese de investimento na companhia.
"Como o grande medo do mercado é o de a Petrobras vender combustíveis com subsídios ou abaixo do preço de custo, esse reajuste representa um alívio para os investidores", avaliou Ruy Hungria, analista da Empiricus.
A gasolina A ficará mais cara em R$ 0,41 por litro, que passará a custar R$ 2,93. Considerando a mistura obrigatória de Gasolina A e etanol anidro, a Petrobras receberá R$ 2,14 por litro vendido ao consumidor final. O reajuste do diesel foi de R$ 0,78 por litro, que passará a ser vendido pela Petrobras por R$ 3,80, sendo que empresa ganhará R$ 3,34 por litro vendido ao consumidor final, considerando a mistura obrigatória.
O aumento de preços deverá melhorar as margens das refinarias da Petrobras, que já estavam pressionadas diante da recente valorização do petróleo. A commodity acumula 17,4% de alta desde o fim de maio. A apreciação do petróleo foi utilizada pela Petrobras como justificativa para o reajuste de preços.
"Pode haver uma demora maior para o reajuste de preço, mas o fundamento prevaleceu. Ainda há uma defasagem em relação aos preços internacionais, mas o reajuste mostra que existe um limite", disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
O reajuste, na avaliação de analistas do BTG Pactual, pode ajudar a Petrobras a reconquistar a confiança do mercado e contribuir com o preço das ações.
"Mesmo que os ajustes tenham se tornado menos frequentes, se a empresa conseguir incutir no mercado a confiança de que os repasses continuarão e que as margens em refinaria não permanecerão em território negativo (ao menos por um período prolongado), as ações poderão eventualmente se recuperar", disseram em relatório.
Ainda que com uma alta expressiva de mais de 30% no ano, as ações da Petrobras estão praticamente estagnadas em relação ao mesmo período de 2022. Em relação à máxima de outubro do ano passado, o papel ainda acumula cerca de 17% de queda.
Os reajuste dos combustíveis ocorre cerca de três meses após a empresa ter alterado sua política de preços, abandonando a baseada na paridade de importação e adotando um modelo lastreado no "custo alternativo do cliente e no valor marginal para a Petrobras."
Na avaliação de Hungria, da Empiricus, o reajuste anunciado hoje é um sinal de que a Petrobras continuará seguindo os preços nos mercados internacionais, mesmo com a mudança na política de preço e com algum atraso. "Essa é uma indicação positiva e dá indícios de que novos repasses devem feitos se o petróleo continuar subindo."