(Wilson Melo/Agência Petrobras)
Repórter
Publicado em 15 de maio de 2024 às 11h35.
Última atualização em 15 de maio de 2024 às 17h27.
A notícia sobre a troca de comando na Petrobras (PETR3/PETR4), embora especulada há meses, pegou muitos investidores de surpresa. O anúncio veio na última noite, com o comunicado da Petrobras informando a saída de Jean Paul Prates e a indicação de Magda Chambriard pelo Ministério de Minas e Energia. A reação foi imediata. Ainda com o mercado fechado, as ADRs da companhia chegaram a cair 8% nos Estados Unidos, com a queda se estendendo para o pregão desta terça-feira, 15, na B3. A perda em valor de mercado foi de R$ 35,5 bilhões.
Os nomes de Rui Costa, ministro da Casa Civil, e de Aloízio Mercadante, presidente do BNDES, chegaram a ser sondados pelo governo, de acordo com reportagem da EXAME, mas prevaleceu o perfil técnico de Magda Chambriard. Mestre em engenharia química, Chambriard trabalhou por 22 anos da Petrobras e foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016.
Ao contrário de Mercadante e Costa, que seriam encarados como uma escolha estritamente política, dada a aliança de longa data com o governo, Chambriard é vista pelo mercado como alguém tecnicamente capacitada a exercer o cargo. Mas mais importante do que o nome escolhido, para os investidores, é a razão pela troca, uma vez que que a gestão de Prates era relativamente bem avaliada.
Analistas do Goldman Sachs classificaram a saída de Prates como negativa. "O mercado via Prates como um bom conciliador entre os interesses dos investidores e do governo. Além disso, a troca poderá reacender preocupações sobre uma potencial intervenção política nas operações da empresa."
Para o Safra, a reação negativa do mercado se deve mais ao aumento da percepção de risco de interferência na estatal do que a uma opinião negativa sobre Chambriard.
Analistas do BTG, inclusive, chegaram a afirmar que "é positiva a avaliação inicial" sobre a executiva, embora também vejam um aumento de riscos de interferência. Em relatório, a XP chegou a afirmar que esse aumento de risco é "substancial" dado o contexto da troca. "Os investidores estão particularmente preocupados com conflitos de interesse em temas como distribuição de dividendos, política de preços, planos de investimento e passivos fiscais."