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Petrobras paga prêmio recorde sobre Vale em captação externa

O prêmio de risco pago pelos títulos em dólar da Petrobras com vencimento em 2020 disparou para 78 pontos-base, um recorde

A Petrobras, que pretende investir US$ 224,7 bilhões no período de cinco anos até 2015, pode fazer uma nova captação no exterior a “qualquer momento” (Germano Lüders/EXAME)

A Petrobras, que pretende investir US$ 224,7 bilhões no período de cinco anos até 2015, pode fazer uma nova captação no exterior a “qualquer momento” (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 07h36.

Rio de Janeiro/Nova York - A Petróleo Brasileiro SA e da Vale SA, as duas maiores empresas brasileiras por valor de mercado, seguem em direções opostas no mercado de dívida corporativa. O descompasso ocorre após a Petrobras ter feito captações no mercado internacional que foram 9,5 vezes maiores do que as emissões de dívida da Vale.

O prêmio de risco pago pelos títulos em dólar da Petrobras com vencimento em 2020 com relação a papéis da Vale disparou para 78 pontos-base, um recorde, segundo dados compilados pela Bloomberg. Esse spread era de 55 pontos-base um mês atrás e estava em apenas 1 ponto-base em 10 de outubro.

Enquanto a Petrobras pode superar este ano o volume recorde de captações externas atingido em 2011 para financiar o maior programa de investimento do setor, a Vale acessou o mercado externo uma vez nos últimos 16 meses. A Petrobras planeja captar até R$ 18 bilhões este ano, a maior parte em emissões fora do País, depois de ter emitido US$ 9,6 bilhões em dívida no exterior em 2010, disse o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, em 12 de janeiro. A Vale emitiu US$ 1 bilhão em 4 de janeiro, depois de ter vendido US$ 2 bilhões em 2010.

“É a posição relativa de ofertas” que está impulsionando os rendimentos dos papéis da Petrobras para acima dos da Vale, disse Jeremy Brewin, que administra cerca de US$ 4 bilhões na Aviva Investors, em Londres. “Nós sabemos que a Petrobras está esperando.”

Os papéis da Petrobras rendem 192 pontos-base, ou 1,92 ponto percentual, a mais do que os títulos do governo que vencem em 2019, contra 187 há um mês, de acordo com dados da Bloomberg. A nota de crédito da estatal, em A3 pela Moody’s Investor Service, está dois níveis acima da classificação da Vale. A Standard & Poor’s dá nota A- à Vale, dois níveis acima da Petrobras.

‘A qualquer momento’

A Petrobras, que pretende investir US$ 224,7 bilhões no período de cinco anos até 2015, pode fazer uma nova captação no exterior a “qualquer momento”, disse Barbassa. A petrolífera emitiu dívida denominada em dólares, euros e libras esterlinas no ano passado, incluindo uma captação de US$ 6 bilhões em janeiro de 2011, a maior já feita por uma empresa brasileira.

A operação da Petrobras será “benchmark”, dependendo do apetite do mercado e em condições que são atraentes para empresa, disse Barbassa.

A asessoria de imprensa da Vale no Rio de Janeiro não quis comentar sobre a possibilidade de novas captações este ano. Sua oferta em 4 de janeiro saiu a uma taxa de 4.525 por cento.

“O que se vê são expectativas de futuro financiamento para a Petrobras, um aumento na oferta de títulos adicionais no mercado”, disse em entrevista por telefone Gianna Bern, ex- diretora sênior da Fitch Ratings que hoje comanda a consultoria de gestão de risco Brookshire Advisory and Research em Chicago.


Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes da Tradition Asiel Securities, disse que a Petrobras pode esperar para acessar os mercados internacionais de dívida porque fez captações em euros e libras esterlinas na primeira semana de dezembro.

Fluxo de caixa ‘melhor’

“A Petrobras emitiu muitos títulos no fim do ano passado”, disse Pasquarelli, que trabalha em Nova York, por e- mail. O aumento da diferença de rendimentos se deve em parte ao fato de “o fluxo de caixa da Vale no curto prazo ser melhor que o da Petrobras”, disse ele.

A Vale tinha R$ 28 bilhões em caixa proveniente de operações durante os nove primeiros meses de 2011, enquanto a Petrobras tinha R$ 26 bilhões, de acordo com dados da Bloomberg.

Investidores também exigem uma taxa maior para deter títulos da Petrobras em vez dos da Vale devido ao risco de intervenção governamental na petrolífera, disse Bern, da Brookshire.

Interferência política

O governo exige que a Petrobras e outras petrolíferas comprem pelo menos 70 por cento de bens e serviços de fornecedores nacionais, como parte da política para expandir a indústria nacional de serviços para o setor de petróleo. O governo controla a Petrobras com 51 por cento das ações ordinárias.

“O nível de intervenção governamental é maior para um emissor como a Petrobras do que para a Vale”, disse Bern. “É a natureza da fera. Se você tem 50 bilhões de barris de óleo equivalente nas mãos, isso passa a ser de sua conta.”

Para Brewin, da Aviva, o receio de que a crise financeira da Europa se agrave, reduzindo a demanda por ativos de alto risco e limitando as captações de empresas e governos de países emergentes, podem levar a Petrobras a fazer uma emissão nas próximas três semanas.

Emissores de países em desenvolvimento levantaram pelo menos US$ 24 bilhões em títulos em dólares este ano, de acordo com dados da Bloomberg.

“Se eles acharem uma janela de oportunidade, vão aproveitar e isso é o que preocupa as pessoas”, disse Luz Padilla, que administra dívida de mercados emergentes na DoubleLine Capital LP, em Los Angeles, em entrevista por telefone. “Todo mundo é de opinião de que eles têm o desejo e a necessidade de fazer a emissão dos títulos, principalmente vendo a aceleração no calendário de novas captações.”

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