Petrobras: empresa divulga seus resultados após o fechamento do pregão (Agência Petrobras/Divulgação)
Redatora
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 07h50.
Esta quinta-feira, 7, promete ser agitada para os mercados globais, com investidores atentos à reta final da trégua tarifária entre Estados Unidos e China, às decisões de política monetária no Reino Unido e México e à divulgação de balanços relevantes no Brasil e no exterior. O destaque local são os resultados da Petrobras, previstos para depois do fechamento.
Logo às 8h, o Banco da Inglaterra deve anunciar um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, reduzindo-a para 4%. A medida é amplamente esperada diante dos sinais de desaceleração econômica na Europa e reforça a tendência global de flexibilização monetária, que pode se intensificar nos próximos meses, inclusive nos Estados Unidos. Às 16h, será a vez do banco central do México divulgar sua decisão de juros.
Nos Estados Unidos, às 9h30, o Departamento do Trabalho publica os pedidos semanais de auxílio-desemprego, dados que seguem sendo monitorados como termômetro da atividade e possíveis gatilhos para cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) em setembro.
Às 11h, saem os estoques no atacado de junho, e às 16h, o crédito ao consumidor americano referente ao mesmo mês. No mesmo horário, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, participa de um evento sobre política monetária.
Na China, os dados comerciais de julho mostraram crescimento inesperado das importações e aceleração das exportações, mesmo sob o peso das tarifas americanas e das ameaças de novas barreiras contra países que seguem importando petróleo russo. O aumento das exportações foi visto como um sinal de resiliência da economia chinesa e ajudou a sustentar os mercados asiáticos nesta madrugada.
No Brasil, o dia começa com a divulgação do IGP-DI de julho, às 8h, e segue com dados industriais da CNI e números de produção e venda de veículos da Anfavea, ambos às 11h.
O grande destaque da agenda corporativa local é o balanço da Petrobras, que será divulgado após o encerramento do pregão. A petroleira deve reportar resultados positivos, mas a atenção do investidor está voltada para a política de distribuição de dividendos.
Também após o fechamento, outras companhias divulgam seus números trimestrais, como Alpargatas, Assaí, Auren, B3, Energisa, Engie, Fleury, Magazine Luiza, Movida, Rumo, Stone, Vivara e Lojas Renner.
Nos Estados Unidos, os principais balanços desta quinta-feira, 7, incluem a rede de alimentação Restaurant Brands International e a petroleira ConocoPhillips, que divulgam seus resultados antes da abertura dos mercados. Já Block e Pinterest apresentam seus números após o fechamento
O mercado também repercute o desempenho de gigantes como Apple, que na véspera anunciou um novo plano de investimento de US$ 100 bilhões em produção doméstica, movimento que pode blindar a empresa das tarifas de 100% prometidas por Trump para semicondutores importados que não sejam produzidos em solo americano.
Em paralelo à movimentação dos mercados, cresce o embate diplomático entre Brasil e Estados Unidos. Em entrevista à agência Reuters, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que só entrará em contato com Donald Trump quando perceber “disposição real para o diálogo”. Lula criticou o que chamou de postura “humilhante” do governo americano e defendeu uma resposta articulada no âmbito do Brics, bloco que reúne países como China, Índia, África do Sul e Rússia.
As declarações ocorrem após a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, a maior já aplicada por Washington contra o Brasil. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, cerca de 35,9% das exportações brasileiras serão afetadas, incluindo petróleo, veículos, carne, café e fertilizantes.
O governo brasileiro formalizou nesta quarta-feira uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) e pediu consultas aos EUA, etapa preliminar de um processo que pode resultar em sanções. Mesmo assim, Lula descartou retaliar com novas tarifas. “Quero mostrar que, quando um não quer, dois não brigam. Eu não quero brigar com os EUA”, disse o presidente.
Trump justificou as medidas como resposta à compra de petróleo russo por países como Brasil e Índia, e ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que chamou de "caça às bruxas". Lula rebateu: “Não é uma intromissão pequena. É o presidente da República dos EUA achando que pode ditar regras a um país soberano como o Brasil.”
As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta quinta-feira, 7, impulsionadas pelo desempenho de ações de tecnologia, apesar da tensão crescente com as tarifas americanas.
O índice Nikkei 225 subiu 0,65% em Tóquio, e o Topix avançou 0,72%, renovando máximas históricas. Taiwan liderou os ganhos com alta de mais de 2%, enquanto o Kospi, na Coreia do Sul, subiu 0,92%. Em Hong Kong, o Hang Seng avançou 0,69%. A única exceção foi a Austrália, onde o S&P/ASX 200 recuou 0,14%, pressionado pela ameaça de tarifas de até 250% sobre medicamentos exportados aos EUA.
Na Europa, os mercados operam em terreno positivo por volta das 7h45. O DAX, da Alemanha, subia 1,58%, o CAC 40, da França, avançava 1,24%, e o pan-europeu Stoxx 600 ganhava 0,92%. O alívio veio com a sinalização de que as novas tarifas americanas de 100% sobre chips não atingirão empresas que produzem em solo americano.
Nos Estados Unidos, os futuros de Wall Street também registravam alta por volta das 7h45, com o Dow Jones subindo 0,61%, o S&P 500 ganhando 0,70% e o Nasdaq 100 avançando 0,81%. O mercado repercute a promessa da Apple de investir mais US$ 100 bilhões nos EUA, fator que pode blindar a empresa das novas tarifas sobre semicondutores.