Radar: mercado acompanha compra da AES Brasil pela Auren
Repórter de finanças
Publicado em 16 de maio de 2024 às 08h35.
Os mercados internacionais operam em tom misto na manhã desta quinta-feira, 16. Os índices futuros americanos sobem, na esteira de dados mais estáveis da inflação dos Estados Unidos. Seguindo o otimismo em Wall Street, na Ásia, os principais índices fecharam em alta. Já na Europa, as bolsas operam em queda durante a abertura, após uma longa sequência de ganhos, em dia de agenda local fraca. Por aqui, o Ibovespa futuro cai, ainda impactado pela Petrobras (PETR4).
A saída do até então presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, ainda repercute no mercado, principalmente por ter sido pego de surpresa. Com a saída de Prates da presidência da Petrobras, Magda Chambriard, ex-diretora geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff, irá assumir a chefia da estatal. A reação imediata dos investidores foi em tom de pessimismo, o que derrubou as ações em mais de 6% na sessão anterior.
Isso porque o mercado se preocupa com as possíveis motivações para a troca. "Esperamos uma reação negativa do mercado principalmente por causa da maior percepção de risco de possível interferência política nas decisões da empresa, em vez de uma opinião negativa sobre Chambriard", pontuaram os analistas do Safra em relatório sobre a troca de presidentes na Petrobras.
O mercado ainda repercute os dados da inflação americana. Nesta quarta-feira, 15, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). O indicador avançou 0,3% em abril, desacelerando após uma alta de 0,4% em março. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada foi de 3,4%. O número veio abaixo do esperado, uma vez que o consenso LSEG projetava 0,4% na leitura mensal, e em linha com a base anual, em que a projeção era de 3,4%.
Com a inflação mais comportada por lá, o mercado ganha um sopro de esperança para acreditar que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) pode começar a cortar os juros em um futuro próximo. O movimento também auxilia a impedir uma queda maior no Ibovespa - igual na sessão anterior - que é impactado negativamente por Petrobras. Ontem, os principais índices americanos fecharam em alta significativa, com o S&P 500 e a Nasdaq fechando com alta de mais de 1%.
Em uma união que transformará o mercado de geração de energia do Brasil, a Auren (AURE3) anunciou, na noite desta quarta, a compra da AES Brasil (AESB3), em um negócio que criará a terceira maior geradora de energia brasileira. A união soma o perfil diversificado de ambas as empresas, que produzem energia hidrelétrica, eólica e sola, a um valor presente de cerca de R$ 1,2 bilhão.
O negócio será feito por meio da incorporação das ações da AES pela Auren, a serem pagas num misto de troca de ações e dinheiro. A AES Corp, que tem 47,5% do capital da subsidiária e já tinha sinalizado a intenção de deixar o país, vai receber integralmente em dinheiro, ao valor de R$ 11,55 por ação. Na prática, isso implica um valor de R$ 6,95 bilhão pela AES Brasil, prêmio de 18% em relação ao valor de tela. Negociada próxima das mínimas históricas, a AES vale R$ 5,9 bilhões na Bolsa. A Auren é avaliada em R$ 12 bilhões.