(Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)
Beatriz Quesada
Publicado em 11 de maio de 2022 às 17h49.
Última atualização em 11 de maio de 2022 às 17h52.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira subiu 1,25%, aos 104.296 pontos nesta quarta-feira, 11, puxado por ações de empresas de commodities, beneficiadas pela alta de preços no exterior. Foi o primeiro fechamento positivo do Ibovespa após quatro pregões de perdas. O movimento contrariou a cautela de investidores internacionais, que repercutiram dados acima do esperado da inflação americana.
O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, um dos principais indicadores de inflação no país, caiu de 8,5% para 8,3% no acumulado de 12 meses. O número, porém, superou o consenso de mercado, que era de queda para 8,1%. Os principais índices de Wall Street reagiram negativamente e fecharam o pregão em queda.
Os reflexos foram sentidos também no dólar comercial, que avançou contra o real acompanhando o sentimento de aversão a risco no exterior. A sessão foi novamente marcada por volatilidade, com a moeda passando R$ 5,09 na mínima para R$ 5,17 na máxima. O dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,144, alta de 0,20%.
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Números de inflação também seguiram no radar de economistas brasileiros. O IPCA de abril, divulgado nesta manhã, acelerou de 11,30% para 12,13% na comparação anual, ficando acima das projeções de mercado, que eram de 12,07% de alta.
A alta da inflação no Brasil e nos Estados Unidos pressionaram as curvas de juros em ambos os países, com investidores apostando em apertos monetários mais duros.
"Os números [dos EUA] reforçam as apostas de parte do mercado que espera um aumento de 75 pontos base na próxima reunião do Federal Reserve [Fed, banco central americano]", disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Juros mais altos tiram a atratividade da renda variável e prejudicam as ações. No Brasil, no entanto, as ações de commodities ignoraram o clima negativo no exterior e ajudaram a sustentar a alta do Ibovespa.
A Vale (VALE3), ação com a maior participação na carteira teórica do índice, disparou mais de 4%, após forte recuperação do minério de ferro na China.
Declarações de autoridades chinesas de que metade de Xangai estaria livre da Covid aumentaram o otimismo sobre a demanda do gigante asiático. A commodity saltou 5%, depois de ter desabado nos dois primeiros pregões da semana, marcados por temores de novos lockdowns no país asiático.
Já a Petrobras (PETR3/PETR4) saltou mais de 5% e liderou os ganhos do dia na esteira da recuperação do petróleo. A commodity volta a superar a marca de US$ 105 por barril, à medida que as esperanças sobre a demanda são renovadas com notícias positivas vindas da China.
No radar, ainda estão a queda do fornecimento de gás russo para a Europa e a possibilidade de embargo da União Europeia sobre o petróleo do país. Petrolíferas privadas chegam a saltar mais de 6% na B3.
Vale lembrar que os ganhos ocorreram a despeito da troca de comando do Ministério de Minas e Energia, após críticas do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste do preço do diesel. Adolfo Sashcida assumirá o ministério no lugar de Bento Costa Lima Leite.
"A Petrobras desenvolveu ao longo dos últimos anos aspectos positivos em sua governança, que a blindam de interesses que possam pesar contra a sua situação financeira", avaliou Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos.
A ponta negativa do índice ficou com os papéis da Qualicorp (QUAL3), que recuaram mais de 12% na bolsa nesta quarta-feira, 11, após a divulgação do balanço do primeiro trimestre da companhia ficar aquém das expectativas do mercado.
Os papéis lideram as perdas do Ibovespa e arrastam para baixo as ações do setor de saúde como um todo. A Rede D’Or (RDOR3), que possui 29% de participação na Qualicorp, ficou entre as maiores quedas do dia. Outras ações do setor, como SulAmerica (SULA11) e Hapvida (HAPV3), também figuraram entre as maiores baixas do pregão.