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Pessimismo com o Brasil aumenta entre investidores: para 97% dos gestores, fiscal é o maior problema

Pesquisa com gestores de fundos aponta piora em projeções para bolsa e câmbio; setor de utilidade pública se destaca como aposta defensiva

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministro Fernando Haddad: preocupações sobre cenário fiscal pesam sobre percepção de investidores (JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministro Fernando Haddad: preocupações sobre cenário fiscal pesam sobre percepção de investidores (JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

Publicado em 21 de outubro de 2024 às 15h03.

Última atualização em 21 de outubro de 2024 às 15h03.

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O nível de pessimismo entre investidores com o Brasil aumentou significativamente nas últimas semanas, segundo pesquisa realizada pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) com gestores de fundos.

As previsões para o Ibovespa e para o câmbio se deterioraram em outubro, e a proporção de gestores que se declaram "bearish" com a bolsa brasileira também aumentou.

Desde setembro, a parcela de gestores que projeta o Ibovespa acima de 140.000 pontos ao fim de 2024 caiu de 42% para 8%, o que representaria uma alta de pelo menos 4,3% no ano. Por outro lado, subiu de 22% para 35% o número de gestores que esperam o índice abaixo de 130.000 pontos, indicando quedas adicionais em relação ao nível atual de 130.499 pontos (último fechamento). Já os investidores que se dizem pessimistas ou muito pessimistas com a bolsa subiram de 14% para 26%, enquanto os otimistas e muito otimistas caíram de 54% para 27%.

As projeções para o câmbio também se tornaram menos favoráveis. Nenhum dos entrevistados espera mais que o dólar encerre o ano abaixo de R$ 5,20, em contraste com 17% que ainda acreditavam nessa possibilidade em setembro. O consenso subiu para um dólar entre R$ 5,40 e R$ 5,60, e 15% dos gestores agora preveem a moeda americana acima de R$ 5,60, ante 4% no mês anterior.

A piora na percepção dos ativos brasileiros reflete preocupações fiscais e desconfiança quanto às recentes promessas de corte de gastos feitas pelo governo. Entre os entrevistados, 97% apontaram o cenário fiscal como o principal tema da macroeconomia doméstica.

A expectativa de um cenário fiscal mais desafiador e, consequentemente, de juros mais altos, aumentou a preferência do mercado por empresas de utilidade pública, consideradas mais defensivas. O setor foi escolhido como favorito por 40% dos gestores, ante 23% em setembro, com destaque para Eletrobras e Sabesp, mencionadas por 28% e 19% dos entrevistados, respectivamente.

Pessimismo com China

O setor de materiais básicos, como mineradoras, foi considerado o mais pessimista para apostas de queda, citado por 29% dos gestores. Esse número era ainda maior em setembro, antes dos anúncios de estímulos na China, quando 37% expressavam opiniões negativas sobre o setor.

O crescimento estrutural da China foi apontado por 22% dos gestores como o principal tema macroeconômico internacional, superando riscos geopolíticos e a recessão nos EUA. No entanto, 36% dos entrevistados classificaram as taxas de juros americanas como o tema dominante no exterior, seguidas pelas eleições dos EUA, com 23%.

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