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Perfil de acionistas da Oi (OIBR3) revela realidade perigosa da bolsa

Apesar do alto risco, papéis da companhia ainda têm forte adesão entre os pequenos investidores

Operação da Oi: recomeço como empresa de serviços digitais  (Cristiano Mariz/Exame)

Operação da Oi: recomeço como empresa de serviços digitais (Cristiano Mariz/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 22 de fevereiro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2023 às 09h01.

Nenhuma ação provocou tanta perda em tantos investidores quanto a Oi (OIBR3) nos últimos anos. Mesmo assim, o papel ainda atrai uma legião de ‘adoradores’. São 1.354.834 de pessoas físicas que compõem sua base acionária, de acordo com a última contagem, do fim do ano passado. A quantidade é uma das maiores do mercado brasileiro e representa 41% do número total de CPFs da bolsa brasileira.

Apesar de toda volatilidade e incerteza que a ação respresenta, um levantamento feito pelo TradeMap a pedido da EXAME Invest revela que é justamente a classe mais sensível de investidores que a tem entre as favoritas: os pequenos.

De acordo com a plataforma, as ações da Oi só estão entre as preferidas de investidores com menos de R$ 10.000 em ações. A classe é a mais numerosa da bolsa, composta por 3 milhões de contas de um total de 4,6 milhões, segundo dados da B3. Só que entre eles, 45% têm apenas uma ação no portfólio; 60%, duas ou menos e 75%, quatro ou menos.

Tal concentração, tendo as ações da Oi entre as favoritas, pode ter um potencial explosivo na carteira desses investidores.

Entre as mais voláteis de toda a bolsa brasileira, as ações da Oi têm atravessado uma montanha-russa nos últimos anos, quase sempre em direção ao solo. Desde 2018, quando entrou em recuperação judicial, as ações só terminaram um ano no positivo. Mesmo assim, seu número de acionistas não parou de crescer no período. Seguindo do crescimento do mercado, de pessoas físicas investindo na Oi saltou 55% desde 2017. Em nenhum ano houve declínio da quantidade, embora as ações tenham acumulado queda de 93% nos últimos cinco anos.

 

Por que o pequeno investidor gosta da Oi?

Uma das explicações para o pequeno investidor, apesar de tudo, gostar tanto da Oi é justamente o preço baixo da ação. "Ela está hoje na casa dos R$ 2. Então para comprar um lote padrão é necessário somente R$ 200. Uma ação como a da Vale custa cerca de R$ 80, sendo R$ 8.000 o lote padrão, o que pode ser inacessível para o pequeno investidor", disse Murilo Giovaneli, economista responsável pela área de dados econômicos do TradeMap.

Maior empresa da bolsa, a Vale tem 510.847 pessoas físicas em sua base acionária. A quantidade não é sequer a metade dos mais de 1,3 milhão de investidores da Oi, embora a Vale tenha mais de 300 vezes seu valor de mercado.

Mas entre pessoas jurídicas, classe que considera holdings, bancos e outros tipos de empresas com perspectivas de longo prazo, há uma discrepância à favor da Vale, de 213.002 investidores contra 13.871 da Oi. Entre os fundos de investimentos, nenhum possui posição relevante na Oi, enquanto na Vale estão alguns dos maiores do mundo, como BlackRock, Capital Group, Mitsui e a Previ, o maior fundo de pensão do Brasil.

Para profissionais acostumados a gerenciar relações de risco e retorno, o resultado da equação é simples: não vale o investimento. A companhia tampouco tem atraído a atenção de analistas de bancos e casas de análises. Cada vez menos coberta, a ação tem apenas três recomendações colhidas pelo agregador da Refinitiv, sendo nenhuma delas de compra. A Tim, do mesmo setor, possui 13 recomendações, 12 delas de compra.

“O mercado já abandonou a ação faz tempo. Apenas um ou outro especulador que busca 200% de retorno em um mês está investindo. Mas o risco é acabar com uma queda de 50%", afirmou Flávio Conde, analista da Levante.

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