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Pequena vendedora de frangos mexicana supera gigantes do Brasil

O preço das ações da mexicana Bachoco mais do que triplicou desde 2012, superando em cinco vezes o ganho da Minerva no período

Frangos:  (Wavebreakmedia/Thinkstock)

Frangos: (Wavebreakmedia/Thinkstock)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 14 de julho de 2017 às 09h45.

As gigantes brasileiras de carnes, como a JBS e a BRF, dominaram as atenções dos investidores na última década, relegando às sombras aquela que foi a verdadeira joia do setor na América Latina: a Industrias Bachoco.

A produtora mexicana de frangos superou consistentemente, e por grande margem, o desempenho de suas rivais brasileiras. O preço de suas ações mais do que triplicou desde 2012, superando em cinco vezes o ganho da Minerva no período. A empresa registrou lucros todos os anos desde 2009.

Nenhuma produtora brasileira pode se orgulhar de um sucesso semelhante. No extremo oposto, a Marfrig acumulou prejuízo de US$ 1,2 bilhão no mesmo período apesar de ter um faturamento duas vezes maior. A Bachoco é ainda negociada a múltiplos maiores do que a maioria de seus pares do Brasil.

Nada mal para uma empresa com um terço do valor de mercado de suas maiores rivais brasileiras, que são, obviamente, muito maiores em escala no que diz respeito aos itens que produzem e os locais onde operam. A Bachoco, que tem sede em Celaya, não respondeu aos pedidos de comentário.

A diferença entre as brasileiras e a companhia mexicana pode ser explicada por suas diferentes estratégias: enquanto empresas como JBS e Marfrig assumiram dívidas pesadas para se expandir rapidamente no exterior por meio de aquisições e da diversificação de seus produtos, a Bachoco se concentrou em ser eficiente, segundo Pedro Leduc, analista do Banco JPMorgan, que se disse surpreso com a estabilidade das margens e das métricas de retorno da produtora mexicana.

“Em um setor cíclico você pode tentar se proteger por meio da diversificação, atuando em diferentes proteínas e regiões, ou simplesmente preservando seu caixa e fazendo o que você faz melhor -- essa foi a estratégia que eles adotaram”, disse Leduc. “Eles não mostram propensão a movimentos muito ousados; apenas se atêm ao seu negócio principal.”

A Bachoco não possui vantagens competitivas naturais, observa Leduc. O México é um importador líquido de soja e milho, matérias-primas usadas na alimentação das galinhas, e a empresa produz apenas carne in natura, sujeita a fortes flutuações de preço. Finalmente, a Bachoco não consegue competir por uma fatia nos mercados asiáticos, onde a demanda por carnes mais cresce.

Ao depender quase que exclusivamente do mercado mexicano, a Bachoco está mais vulnerável ao sobe-e-desce da economia local, bem como a ameaças sanitárias como a gripe aviária. E, nem de perto, está tão bem posicionada quanto as rivais brasileiras para tirar vantagem do crescimento da demanda por proteína animal nos países emergentes.

Contudo, as perspectivas limitadas de crescimento parecem ser mais do que compensadas pela solidez de seus balanço e capacidade de gerar retorno. Enquanto os grandes players brasileiros acumulam dívidas que correspondem a pelo menos 3,9 vezes seu lucro antes de itens como juros e impostos, a Bachoco tem mais dinheiro em caixa do que dívidas a pagar.

Diamante bruto

Para Leduc, a Bachoco é “uma joia que as pessoas não conhecem”. Em parte, porque é menos atraente falar sobre uma empresa local do que a respeito de uma multinacional que vai alimentar a China.

Mas manter a simplicidade e ser uma empresa doméstica é precisamente o que torna a Bachoco, responsável por cerca de 40 por cento do mercado aviário do México, tão forte, segundo José Antonio Cebeira, analista sênior da Actinver. A Bachoco conseguiu compensar a fragilidade do peso e o aumento dos custos com preços mais altos, disse Cebeira, de São Petersburgo, na Rússia.

“No México você pode ver preços maiores do que em outros lugares”, disse Cebeira. “Há alguns anos você podia encontrar lugares no norte do México, por exemplo, com preços quase duas vezes maiores do que na Cidade do México.”

- (Reprodução/Bloomberg)

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