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Peça-chave para eleição, Joaquim Barbosa ainda é incógnita para mercado

Agora que as eleições ganham maior peso sobre o comportamento dos preços dos ativos, os analistas do mercado financeiro começam a tentar decifrá-lo

Joaquim Barbosa: agito no tabuleiro eleitoral (Ueslei Marcelino/Reuters)

Joaquim Barbosa: agito no tabuleiro eleitoral (Ueslei Marcelino/Reuters)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 10 de abril de 2018 às 16h08.

Última atualização em 10 de abril de 2018 às 16h10.

São Paulo -- A possível entrada do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa na corrida presidencial deve provocar um agito relevante no tabuleiro eleitoral. Agora que as eleições de outubro ganham maior peso sobre o comportamento dos preços dos ativos domésticos, os analistas do mercado financeiro começam a tentar decifrá-lo. No momento, há dúvidas em torno de pontos fundamentais, como quais seriam as características do programa e da equipe econômica escolhidos por Barbosa.

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) anunciou que Barbosa se filiou à legenda na sexta-feira. Ele é um dos prováveis nomes para disputar o cargo de presidente da República. O ex-relator do processo do mensalão é avaliado como um candidato competitivo, devido à sua capacidade de atrair votos tanto à esquerda como à direita do espectro político. "Barbosa tem uma pauta pluralista e consegue falar a vários setores na sociedade ao mesmo tempo", diz Richard Back, analista político da XP.

"Joaquim Barbosa tem o potencial para ser muito competitivo e deve subir nas pesquisas nos próximos meses, com mais exposição na mídia", diz Christopher Garman, diretor executivo para Américas da Eurasia. "Nossa aposta é que, ao longo da campanha, ele deve trazer sinais construtivos para a agenda fiscal, tende a ir nessa direção."

A entrada de Barbosa, que é apontado pela consultoria como um "quase-reformista", pode ser fator decisivo no cenário. "A notícia mais relevante no fim de semana para a eleição talvez não tenha sido tanto a prisão do Lula, mas a entrada de Joaquim Barbosa ao PSB", disse Garman.

Em pesquisa Datafolha divulgada no fim do mês de janeiro, o nome de Barbosa variava entre 3% e 5% da intenção de voto dos entrevistados. Contudo, ele era um dos únicos candidatos cuja desaprovação se mostrava inferior a 15%.

"Ninguém sabe qual vai ser a equipe econômica de Joaquim Barbosa", diz Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Modal Asset. "Como ele é competitivo, o mercado tem esse medo."

Nesta segunda-feira, as incertezas em torno do cenário político-eleitoral trouxeram reflexo aos ativos brasileiros, que apresentaram comportamento descolado de outros pares emergentes.

Para Bernard Gonin, analista da Rio Gestão de Recursos, ainda há dúvida sobre como seriam as políticas econômicas adotadas pelo ex-ministro ao longo de seu mandato. "Barbosa é um candidato que anda em todos os círculos. Ele pode não ser o candidato pró-reformas", segundo Gonin. "O mercado não estava dando cuidado suficiente à candidatura de Joaquim Barbosa. Mas ela está muito viva", diz Garman, da Eurasia.

Quadro com rejeição aos candidatos à Presidência da República (Reprodução/Bloomberg)

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