Mina Capanema, da Vale: R$ 5,2 bilhões de um total de R$ 67 bilhões serão destinados à retomada do projeto em Minas Gerais (Vale/Divulgação)
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Publicado em 5 de setembro de 2025 às 07h55.
Um único evento no calendário de indicadores desta sexta-feira, 5, concentra as atenções dos mercados globais: o relatório de empregos dos Estados Unidos (payroll), que sai às 9h30 (horário de Brasília). O dado é visto como decisivo para os próximos passos da política monetária americana, a duas semanas da reunião do Federal Reserve, marcada para os dias 16 e 17 de setembro.
Economistas consultados pela FactSet projetam a criação de 80 mil vagas em agosto, acima das 73 mil de julho, enquanto a Bloomberg estima 75 mil. Já a taxa de desemprego deve se manter em 4,2% ou subir levemente para 4,3%.
O mercado de trabalho americano vem mostrando sinais claros de enfraquecimento. A média trimestral de geração de vagas caiu para 35 mil em julho, contra 168 mil no início de 2024. Além disso, o Departamento de Estatísticas de Trabalho dos EUA (BLS, na sigla em inglês) revisou para baixo os números de maio e junho, enquanto a pesquisa da ADP apontou apenas 54 mil novos postos em agosto — quase metade do mês anterior.
Se o payroll confirmar essa tendência, o diagnóstico de fragilidade ganha força. O FedWatch Tool, da CME Group, aponta probabilidade de quase 100% para um corte de 0,25 ponto percentual neste mês. A expectativa já movimenta moedas, juros e commodities. O índice do dólar recuava 0,2% nesta manhã, enquanto o ouro rondava os US$ 3.550 por onça, acumulando alta de quase 3% na semana.
No Brasil, a agenda começa às 9h com a divulgação do Índice de Preços ao Produtor Amplo (PPI), que mede a variação de preços na saída das fábricas. Às 11h, o mercado acompanha os dados de produção de veículos de agosto, importante termômetro da indústria automotiva.
Entre as empresas, destaque para a Vale, que anunciou R$ 67 bilhões em investimentos em Minas Gerais até 2030, incluindo a retomada da mina Capanema, paralisada há 22 anos.
As ações da mineradora fecharam ontem em leve alta de 0,20%, a R$ 55,71 na B3. Em Nova York, os papéis avançaram 0,49%, para US$ 10,26, e no pré-mercado desta sexta-feira subiam 0,44%, cotados a US$ 10,31.
Na cenário político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem encontro às 11h30 com o jurista Luigi Ferrajoli, no Palácio da Alvorada, e às 13h participa de almoço com o ministro da Defesa, José Múcio, além de comandantes e ex-comandantes das Forças Armadas.
Às 16h, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa do leilão do Túnel Imerso Santos-Guarujá, na B3, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Na véspera, Lula esteve em Belo Horizonte para lançar o Programa Gás do Povo, avaliou o risco de “anistia” sem mobilização popular e criticou pedidos de intervenção americana no Brasil por apoiadores de Donald Trump.
Em Brasília, o debate sobre a anistia a condenados por golpismo continua a dividir o Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que ainda não há decisão.
As bolsas internacionais operam em alta nesta sexta-feira, em compasso de espera pelo payroll. Na Ásia, os índices fecharam majoritariamente no positivo. O Nikkei 225, de Tóquio, avançou 1,09%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 1,43%. Já o CSI 300, da China continental, ganhou 2,18%, impulsionado por dados de consumo e pela recuperação de ações de tecnologia após Donald Trump sinalizar tarifas sobre chips importados.
Na Europa, por volta das 7h40, o Stoxx 600 avançava 0,27%, o DAX de Frankfurt subia 0,15%, o CAC 40 de Paris tinha alta de 0,07% e o FTSE 100 de Londres ganhava 0,22%.
Nos Estados Unidos, o S&P 500 encerrou a sessão de ontem em alta de 0,83%, atingindo um novo recorde histórico. Já nesta manhã, os contratos futuros mostravam cautela, com o Dow Jones perto da estabilidade, em leve queda de 0,05%, enquanto o S&P 500 subia 0,21% e o Nasdaq 100 avançava 0,50%.