Principal índice da bolsa fechou a terça-feira, 21, em queda de 0,17%, na contramão dos índices americanos e europeus. Queda da Petrobras e ata do Copom influenciaram o dia (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)
Bianca Alvarenga
Publicado em 21 de junho de 2022 às 17h59.
Ibovespa hoje: sem conseguir sair do lugar, o principal índice da bolsa brasileira terminou a terça-feira, 21, com uma ligeira queda de 0,17%. Apesar de ter passado parte da manhã em alta, o Ibovespa perdeu força e não conseguiu acompanhar o movimento dos principais índices globais, que tiveram mais uma sessão de recuperação.
Ontem, 20, as bolsas americanas permaneceram fechadas, em razão de um feriado local. A retomada das operações nos Estados Unidos e o momento favorável no exterior levaram o dólar a uma trégua, e a moeda encerrou o dia cotada a R$ 5,15.
A alta do Ibovespa foi limitada, em parte, pela queda das ações da Petrobras (PETR3/PETR4), que, representam, juntas, cerca de 11% da carteira teórica do Ibovespa. Apesar da leve alta nos preços do petróleo no exterior, os papéis da Petrobras reagiram ao embate entre governo e estatal, que ganhou novos capítulos na noite de ontem.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a estatal, mesmo após a renúncia do presidente José Mauro Coelho. Por sua vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, endossou as críticas e afirmou que já estão sendo recolhidas assinaturas para abertura da CPI.
Após reunião com líderes partidários para debater a situação na véspera, Lira defendeu ainda uma alteração na lei das estatais por medida provisória para aumentar o alinhamento entre conselheiros e União. A crítica está direcionada às alterações na norma implementadas em 2016, na esteira da Operação Lava-Jato, para impedir a interferência política na empresa.
Outro fator que freou o desempenho do Ibovespa foi a divulgação da ata da reunião da última semana do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). O documento foi avaliado como mais hawkish, ou seja, favorável ao aumento da taxa de juros.
Na decisão, o BC já havia contratado uma nova alta de juros de igual ou menor magnitude para a próxima reunião, de agosto. O Copom elevou a taxa básica de juros em 0,5p.p., levando a Selic de 12,75% para 13,25% ao ano.
No exterior, inflação e juros saíram temporariamente do radar para dar lugar à recuperação. Na semana passada, as bolsas americanas perderam US$ 2 trilhões em valor de mercado após o Federal Reserve (Fed, banco central americano), subir a taxa de juros dos EUA em 0,75 ponto percentual (p.p.) – maior elevação desde 1994.
A turbulência deu lugar à correção nos mercados globais. Nos Estados Unidos, onde as bolsas estiveram fechadas por conta do feriado no pregão de ontem, os ganhos foram ainda maiores. O principal destaque de alta fica com o índice de tecnologia Nasdaq, que é justamente o mais afetado pelo cenário de juros mais altos que derrubou as bolsas na última semana.
As ações da Vale (VALE3) subiram 0,6% nesta terça. A alta minimiza o recuo de 2,47% na véspera, quando investidores estavam preocupados com a retomada da economia chinesa. Nesta terça, um movimento de correção levou o minério de ferro a se recuperar em Singapura, subindo 2,7% após uma sequência de oito dias de baixa.
No dia, as empresas de tecnologia apareceram entre as maiores altas do Ibovespa. Totvs (TOTS3) e Locaweb (LWSA3) tiveram valorização perto de 3%. Os papeis do setor sobem em linha com a forte recuperação do segmento no mercado americano.
Já a WEG (WEGE3) repetiu a alta de ontem, 20, quando o papel teve sua recomendação elevada para “compra” pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
Na ponta negativa, ações mais prejudicadas pelo aumento na taxa de juros lideraram as perdas. As empresas de educação Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) ficam entre as maiores baixas do dia.