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Partido governista no Japão perde hegemonia pela 1ª vez desde 2009; Nikkei sobe 1,82%

Shigeru Ishiba assumiu responsabilidade pela derrota, mas não indicou que irá renunciar

Premiê durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (Kim Kyung-Hoon / AFP)

Premiê durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (Kim Kyung-Hoon / AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 28 de outubro de 2024 às 06h43.

O primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba assumiu nesta segunda-feira a responsabilidade pela derrota de sua coalização nas eleições legislativas do domingo. O Partido Liberal Democrático perdeu sua hegemonia pela primeira vez desde 2009.

"Sobre como assumir a responsabilidade por esse resultado, temos que ouvir humildemente as vozes das críticas", disse Ishiba em uma coletiva de imprensa em Tóquio.

O Partido Liberal Democrático de Ishiba, que governou o Japão por quase toda a sua história pós-guerra, e o parceiro da coalizão, Komeito, conquistaram 215 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento, aquém dos 233 necessários para a maioria. O LDP anteriormente detinha 247 assentos e o Komeito tinha 32.

Os comentários de Ishiba indicam sua intenção de continuar como primeiro-ministro e seguir em frente com a formação de um governo, apesar do fraco desempenho da coalizão. O primeiro-ministro disse que não estava considerando expandir sua aliança, mas disse que havia assinado um acordo com o Komeito após o resultado.

Claro que o resultado repercutiu no mercado financeiro. O índice Nikkei terminou o dia com alta de 1,82%, com 38.605,53 pontos, após chegar a subir até 2,2%. No início do pregão, chegou a cair 0,4%.

O setor de equipamentos de transporte teve o melhor desempenho entre os 33 grupos industriais da Bolsa de Valores de Tóquio, saltando 3,5%. A Toyota subiu mais de 4% e a Nissan subiu 3,5%.

O iene acelerou a desvalorização ao longo da sessão da manhã, caindo até 153,885 por dólar pela primeira vez desde 31 de julho, mas acabou fechando a 153,32.

Uma moeda mais fraca beneficia os exportadores e também deixa torna as ações japonesas mais baratas para investidores estrangeiros.

O que aconteceu na eleição de domingo

Ishiba, ex-ministro da Defesa de 67 anos, convocou eleições antecipadas no início do mês depois de ser escolhido como novo líder do PLD, partido que conseguiu permanecer no poder por quase todos os seus 69 anos de história.

Mas os eleitores da quarta maior economia do mundo estão insatisfeitos com a inflação e incomodados com o escândalo de financiamento do PLD, razões que contribuíram para derrubar a popularidade do ex-primeiro-ministro Fumio Kishida.

Ishiba prometeu não apoiar ativamente os candidatos envolvidos no escândalo, mas o jornal Asahi informou que o PLD pagou 20 milhões de ienes (131 mil dólares ou R$ 747 mil) às delegações locais lideradas por estes dirigentes, o que provocou indignação entre a oposição.

A imprensa local especulou que, em caso de derrota eleitoral, Ishiba poderia inclusive renunciar imediatamente, o que o transformaria no primeiro-ministro mais efêmero do Japão pós-guerra.

O recorde atual é de Naruhiko Higashikuni, que ficou 54 dias no cargo em 1945, pouco depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.

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