Mercados

Parlamento da Catalunha aprova plebiscito de separação

O líder da região não informou quando vai assinar o decreto necessário para convocar a votação


	Catalunha: constituição da Espanha não permite referendos que não incluem todos os cidadãos
 (Getty Images)

Catalunha: constituição da Espanha não permite referendos que não incluem todos os cidadãos (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2014 às 15h49.

Barcelona - Depois da decisão da Escócia de dizer não à independência do Reino Unido, o movimento separatista da Catalunha deve ser o primeiro a dar passos para a formação de uma nova nação no continente europeu.

Nesta sexta-feira, o Parlamento da Catalunha aprovou, com maioria esmagadora de 106 a favor ante 28 contra, uma lei que vai conceder ao seu presidente regional, Artur Mas, o poder de convocar uma consulta popular sobre a emancipação, já declarada ilegal pelo governo central de Madrid.

O líder da região não informou quando vai assinar o decreto necessário para convocar a votação.

A escolha da Escócia pode atrasar a dinâmica dos movimentos separatistas da Europa por anos, afirma o professor de ciência política da Universidade de Leuven, na Bélgica, Marc Hooghe.

"Os escoceses teriam liderado o caminho para outras regiões. Eles fracassaram, então vamos precisar de um outro pioneiro, e esse novo pioneiro tem muito menos oportunidade de conseguir adesão à União Europeia de forma harmoniosa", observou.

O presidente regional da Catalunha apoiou a campanha do "sim" na Escócia e ressaltou que os catalães querem apenas ter a mesma chance que os escoceses tiveram de votar.

Mas o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy tem dito repetidamente que irá bloquear a votação sobre a separação, planejada para acontecer no dia 9 de novembro.

A Constituição da Espanha não permite referendos que não incluem todos os cidadãos do país.

Santi Rodriguez, membro do Parlamento catalão pelo Partido Popular de Rajoy, afirma que não é justo dar direito ao voto apenas para os cidadãos da Catalunha.

"Não são apenas 7 milhões de pessoas que serão afetadas pela decisão, mas sim 47 milhões, toda a população da Espanha", disse.

No entanto, diferentemente da Escócia, o plebiscito na Catalunha não resultaria imediatamente na emancipação, mas iria questionar os moradores da região se eles são favoráveis ou não à secessão.

No caso de uma vitória do sim, o presidente regional terá autonomia política para negociar um caminho em direção à independência.

Pesquisas indicam que população da Catalunha está dividida de maneira praticamente igual em relação a separação, mas a proporção dos que são favoráveis cai significativamente quando se questiona o apoio a uma Catalunha independente excluída da União Europeia.

A Catalunha compartilha traços culturais com o resto da Espanha, mas muitos catalães se orgulham das diferenças profundas entre os idiomas catalão e espanhol.

A região também é uma potência econômica, fundamental para ajudar o país a sair da crise, porém muitos moradores da região sentem que recebem poucos benefícios econômicos se comparado ao resto da Espanha.

Fonte: Associated Press.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaEspanhaEuropaGovernoPiigs

Mais de Mercados

Reunião de Lula e Haddad e a escolha de Scott Bessent: os assuntos que movem o mercado

Do dólar ao bitcoin: como o mercado reagiu a indicação de Trump para o Tesouro?

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3