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Para pagar divórcio ou por liquidez, ricos querem vender ações

Durante a recessão de 2 anos, as empresas ficaram mais propensas a recomprar suas próprias ações do que a vendê-las. Agora, sobram motivos para vender

Bolsa: David Neeleman vendeu ações para bancar um acordo de divórcio de vários milhões de dólares (Bovespa/Divulgação)

Bolsa: David Neeleman vendeu ações para bancar um acordo de divórcio de vários milhões de dólares (Bovespa/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2017 às 16h26.

São Paulo - O Brasil está observando um aumento nas vendas de ações por parte de alguns de seus mais famosos magnatas dos negócios, depois que o Ibovespa atingiu a maior alta de todos os tempos.

Os donos de negócios na maior economia da América Latina têm inúmeros motivos para querer vender hoje em dia. Aumentar a liquidez das ações de suas empresas e a alta recorde dos papeis são os mais óbvios. Pelo menos um executivo, o empreendedor do setor de companhias aéreas David Neeleman, fez isso para bancar um acordo de divórcio de vários milhões de dólares.

Para quem observa o Brasil há tempos, isso faz lembrar os dias frenéticos em que as commodities estavam em alta, a Petrobras ainda estava no topo da indústria mundial de petróleo e o subprime ainda não tinha se tornado um palavrão. Durante a agressiva recessão de dois anos que veio depois, o produto interno bruto do país encolheu quase 10 por cento e as empresas ficaram mais propensas a recomprar suas próprias ações do que a vendê-las.

Agora que a economia está dando sinais de recuperação, muitos buscam colocar essas ações de novo no mercado para aumentar a liquidez, disse Joelson Oliveira Sampaio, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas, uma das melhores faculdades de administração do Brasil.

“Quando as empresas fazem isso, elas querem demonstrar uma governança melhor, especialmente em um cenário com tantos escândalos de corrupção no Brasil”, disse ele. “Elas querem sinalizar aos investidores que estão trilhando um caminho melhor, dando mais liquidez e diminuindo a participação dos acionistas controladores.”

Ser e Magazine Luiza

José Janguiê Bezerra Diniz, o bilionário fundador da Ser Educacional, vendeu ações em 15 de setembro no valor de R$ 400 milhões (US$ 128 milhões), reduzindo sua participação na companhia de 70 por cento para 59 por cento. Os acionistas controladores por trás do Magazine Luiza, a ação do varejo de melhor desempenho do mundo, pretendem vender cerca de R$ 500 milhões em ações no dia 27 de setembro. As ações da empresa subiram mais de 3.600 por cento em dois anos.

Neeleman, que fundou a JetBlue Airways, teve que pedir uma aprovação especial ao regulador para vender cerca de R$ 57 milhões em ações da Azul antes do fim do período de vedação à negociação após a abertura de capital da companhia aérea brasileira em abril. Ele disse aos órgãos reguladores que parte do dinheiro iria para sua ex-esposa.

A Ser Educacional e o Magazine Luiza preferiram não comentar. A Azul informou em um comunicado que a venda de ações não “altera o controle e a influência da Neeleman nas operações do dia a dia da Azul”.

O índice brasileiro Ibovespa avançou 21 por cento desde o início do segundo semestre, atingindo um recorde de 57.111 na terça-feira.

A alta também está estimulando famílias com empresas de capital fechado há muito tempo a vender. Os IPOs em 2017 já subiram para R$ 12,5 bilhões, mais do que nos três anos anteriores juntos. E pelo menos um clã rico vai vender ações. A família Quartiero, proprietária da Camil Alimentos, planeja uma venda de ações no final do mês.

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