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Para o CEO da Neo, o mercado está otimista demais: "se estiverem errados, vão sofrer pesado"

Marcelo Cabral diz em entrevista à Exame Invest que está "muito preocupado" com nível de endividamento dos Estados Unidos

Marcelo Cabral, CEO da Neo Investimentos, em participação no Vozes do Mercado (Exame /Exame)

Marcelo Cabral, CEO da Neo Investimentos, em participação no Vozes do Mercado (Exame /Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 11h06.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2024 às 16h30.

O mercado está otimista demais, especialmente para o longo prazo. Essa é a avaliação de Marcelo Cabral, CEO da gestora Neo Investimentos. Cabral não descarta a possibilidade de um rali, no curto prazo principalmente se o Federal Reserve (Fed) cortar os juros antes do esperado. Mas um risco dormente tem tornado suas projeções mais pessimistas: o grau de endividamento dos Estados Unidos. A dívida. hoje em US$ 34 trilhões, equivale a 120% do PIB, próximo do maior patamar da história.

"Acho muito difícil reduzirem a dívida e, olhando para o longo prazo, estamos muito preocupados com isso", afirma Cabral em entrevista ao Vozes do Mercado, da EXAME Invest. Essa, contou, é a principal razão por não apostar mais alto em um cenário positivo para as economias globais, embora veja razões favoráveis para o curto prazo.

Para o gestor, o mais provável é que se configure um cenário de pouso suave da economia americana, com controle da inflação sem grandes danos econômicos. "Vejo o mercado bastante otimista e isso também faz parte de nosso cenário. Eventualmente, vai haver um grande rali tentaremos aproveitá-lo, porque acreditamos que essa é a maior probabilidade. Mas não apostaremos forte nisso, por causa da perspectiva de longo prazo. Dado o grau de precificação, se estiverem errados, vão sofrer pesado."

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Curto x longo prazo

Cabral avalia que, no longo prazo, o endividamento dos Estados Unidos ainda pode cobrar um alto preço da economia americana. E, pela a estrutura da economia americana, o gestor vê riscos de impactos superiores ao sofridos pelo Japão na bolha dos 1990.

"O Japão tem mais de 250% de dívida/PIB, mas o governo detém quase a totalidade do crédito privado e de ações. Então eles conseguiram segurar a crise. Os Estados Unidos não são bem assim. O limiar da dor será menor que do investidor japonês e chinês", diz.

Cabral, no entanto, prefere não apostar quando exatamente essa crise poderá estourar. "É muito difícil montar posições em cima de riscos de longo prazo sem que tenha um gatilho, até pelos incentivos que existem. Então, o mercado ignora que isso existe. Mas, chega um momento que o problema é resolvido (com redução da dívida/PIB)  ou começam o gatilhos. Para uma crise ter início, basta uma baleia começar a boiar. Aí, é uma pancada de uma vez para outra no preço dos ativos. No dia que isso se tornar ponto focal do mercado, haverá uma ruptura razoável. É preciso ter consciência que esse cenário é real."

Assista à entrevista com Marcelo Cabral, CEO da Neo Investimentos.

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