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Para Itaú BBA, crise deve fazer Ibovespa fechar em 2020 em 94 mil pontos

Para o superintendente de renda variável do Itaú BBA, quarentena é importante para que crise econômica dure pouco tempo

Bolsa de São Paulo: expectativa para a bolsa começou o ano em 130 mil pontos (Germano Lüders/Exame)

Bolsa de São Paulo: expectativa para a bolsa começou o ano em 130 mil pontos (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de março de 2020 às 07h43.

Última atualização em 26 de março de 2020 às 07h45.

Já sob o impacto da epidemia do novo coronavírus, o Itaú divulgou na quarta-feira, 25, uma redução em sua expectativa para a Bolsa, que começou o ano em 130 mil pontos e, agora, foi reduzida para 94 mil pontos. Para o superintendente de renda variável do Itaú BBA, Marcos Assumpção, o número leva em consideração um cenário com forte isolamento social até meados de abril. "Um cenário de quarentena parcial pode ampliar o ciclo da doença e seu impacto na economia."

O Itaú reduziu ontem a projeção da Bolsa para 94 mil pontos. Qual o cenário utilizado para esse número?

O nosso cenário hoje é de uma obstrução do crescimento, uma recessão muito forte no segundo trimestre, com queda de 9,7% no PIB, com uma recuperação também forte a partir do segundo semestre. No fim do ano, nossa estimativa macro é de um PIB neste ano com queda de 0,7%. Com base nisso, teremos uma redução no lucro das empresas que, segundo nosso cálculos, vão levar o Ibovespa para 94 mil pontos.

Nesse modelo, qual o tempo de duração dessa crise na economia do Brasil?

Para a gente, as restrições serão relativamente curtas no Brasil e devem ser levantadas a partir do segundo trimestre, a partir do meio de abril, para a economia ir lentamente se recuperando no segundo semestre.

Com base em que projetam um cenário desses?

É um cenário que fechamos na última terça-feira. Claro, o ritmo dessa crise é muito fluída. Mas fizemos uma reunião recentemente com o professor Tarcisio Filho, que é um doutor em Física e Matemática. Ele estuda o comportamento de epidemias pelo mundo. Como estamos falando de um vírus que não vai ter uma vacina no curto prazo, o seu comportamento será muito semelhante a de outros vírus. A ideia central é que, olhando para outros países, a gente vê que o ciclo natural da doença leva do começo ao pico por volta de 70 dias.

Assumindo que a gente teve o começo da doença no começo do fevereiro, provavelmente vamos atingir o pico dela em meados de abril e, a partir dai, ela começa a desacelerar seu ciclo de propagação. A principal medida para a contenção da doença é o isolamento. Na medida em que as pessoas estão dentro de suas casas e os casos vão diminuindo, você terá a economia funcionando de forma um pouco menos restritiva e, aí, as coisas vão caminhando para a normalidade.

O modelo usado pelo Itaú considera uma quarentena dura, como é hoje na Espanha, ou um modelo mais afrouxado, com restrições parciais?

A gente trabalha com uma quarentena mais forte ao longo das próximas três semanas. Como ela começou de forma mais restritivas nesta semana, estamos falando em algo assim até meados de abril. Vendo o histórico de outras epidemias, a quarentena é importante para reduzir o ciclo da doença no período mais critico.

Sem essa quarentena mais dura, o que vocês projetam?

Em um cenário de maior estresse, sem essa quarentena, você posterga a volta da economia à normalidade e o cenário para a Bolsa em 2020 muda.

O dólar termina o ano na casa dos R$ 5?

A gente tem uma projeção com o real apreciando um pouco no final ano. Nossa expectativa é de dólar a R$ 4,60. A inflação para este ano é de 2,9%.

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