Mercados

Para ex-BlackRock Will Landers, fundo passivo deve dar lugar a ações

Ex-diretor da gestora americana, agora trabalhando no banco BTG Pactual, aposta que escolha criteriosa de papeis na bolsa vai proporcionar retornos maiores

Will Landers: tempo do dinheiro fácil está ficando para trás (BTG Pactual/Divulgação)

Will Landers: tempo do dinheiro fácil está ficando para trás (BTG Pactual/Divulgação)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 14h11.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2020 às 17h45.

Will Landers passou 17 dos seus 33 anos de carreira na gigante gestora americana de investimentos BlackRock, cujo principal produto é o iShares, um fundo passivo do tipo ETF (exchange traded fund, na sigla em inglês). Replicando a composição de índices acionários e com cotas negociadas em bolsa de valores, o ETF não exige do investidor e do gestor praticamente nenhum esforço. Mas os tempos de dinheiro (relativamente) fácil estão ficando para trás, segundo Landers.

Em 2019, Landers, que dirigia a área de mercados emergentes da BlackRock, foi contratado pelo banco de investimentos BTG Pactual (do mesmo grupo que controla EXAME) como chefe da área de ações na América Latina. Mudou justamente porque acredita que o mercado de investimentos financeiros está em transformação. “É melhor aplicar em fundos em que os gestores estejam efetivamente tomando posições. A partir de agora, para garantir bons retornos, vai ser necessário escolher as ações que comprar”, disse Landers na manhã de hoje durante uma palestra no BTG Pactual Advisors Summit 2020, voltado a assessores de investimento.

Os ETFs são uma boa opção enquanto a economia está crescendo com força e todos os setores apresentam um bom desempenho, explicou Landers. Quando o crescimento fica estagnado, é preciso analisar com mais cuidado as empresas para selecionar as que têm potencial de ganhar mais. Esse é o cenário predominante em muitas nações desenvolvidas, como as europeias e o Japão.

Embora espere que a atividade brasileira se acelere nos próximos meses, o executivo aposta que determinados setores vão se sair melhor se o Produto Interno Bruto de fato ganhar velocidade. “Os investidores estão menos dispostos a colocar dinheiro em setores tradicionais, como o de bancos, por exemplo, que está vendo a concorrência aumentar e o Banco Central apertar a regulação”, afirmou Landers. “Mas grupos de varejo que têm se saído bem devem continuar avançando.”

Por conta da queda da taxa básica de juros da economia para 4,25% ao ano, o menor nível da história, os investidores locais estão migrando bastante para a bolsa de valores. Difícil, no momento, é convencer os estrangeiros, segundo Landers. “O índice de preço da ação sobre lucro projetado das ações do Ibovespa está atualmente em 13, contra 12 da média histórica. Caro? Deve-se considerar também que os juros caíram, diminuindo o risco do negócio”, diz o executivo. Em um mundo de crescimento econômico baixo, o Brasil deve passar a atrair mais atenção do investidor global caso as expectativas otimistas para a aceleração da atividade se concretizem.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3bolsas-de-valoresETFsFundos de investimentofundos-de-acoes

Mais de Mercados

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado

Ação da Netfix tem potencial de subir até 13% com eventos ao vivo, diz BofA

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Ibovespa fecha em queda e dólar bate R$ 5,81 após cancelamento de reunião sobre pacote fiscal