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Para economistas, alta do dólar não deve se sustentar

Na avaliação dos especialistas, a recente alta é resultado de um nervosismo especulativo

Ontem, o dólar chegou ao mais alto nível desde julho do ano passado, cotado a R$ 1,777 para venda (Karen Bleier/AFP)

Ontem, o dólar chegou ao mais alto nível desde julho do ano passado, cotado a R$ 1,777 para venda (Karen Bleier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2011 às 14h44.

Brasília - A recente alta do dólar é resultado de nervosismo especulativo, na avaliação do professor de economia internacional André Nassif, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ontem (19), o dólar chegou ao mais alto nível desde julho do ano passado, cotado a R$ 1,777 para venda, alta de 2,57% em relação à sexta-feira.

Na avaliação de Nassif, não há nenhum fato no cenário externo que efetivamente justifique as oscilações da moeda dos Estados Unidos, diferentemente do que ocorreu com a quebra do banco Lehman Brothers, considerada estopim da crise financeira deflagrada em setembro de 2008. Segundo Nassif, o atual cenário não indica tendência de alta do dólar de forma lenta e gradual, o que seria “ideal para restaurar a competitividade da economia brasileira”, mas apenas oscilações relacionadas a expectativas dos investidores estrangeiros.

Ontem, o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, em entrevista à Agência Brasil, também avaliou que há poucas chances de a alta da moeda norte-americana ser duradoura. “Nenhum fator estrutural na economia global mudou nas últimas semanas para que o dólar se consolide em um novo patamar”, disse. Agostini atribui a disparada do câmbio nas últimas semanas às especulações em torno do pacote de ajuda aos países da zona do euro, que pode até incluir a ajuda dos emergentes, que poderiam comprar títulos de países europeus mais frágeis do ponto de vista fiscal.

Na avaliação de Flavia Cattan-Naslasky, estrategista de câmbio do RBS Global Bank, a cotação do dólar no Brasil está sensível às más notícias externas. “Qualquer notícia gera uma reação muito forte dos mercados”, disse ela.


Para Cattan-Naslasky, ontem, a cotação do dólar no Brasil acompanhou o movimento das moedas asiáticas. “As moedas da América Latina tendem a seguir as moedas asiáticas”. De acordo com ela, a percepção do mercado financeiro de que a Ásia é o último lugar seguro, com crescimento e estabilidade de moeda, tem mudado, o que influencia o Brasil. Essa mudança de percepção acompanha os efeitos da crise europeia.

Outro fator citado pela estrategista é que o governo brasileiro adotou medidas para inibir a posição vendida em dólar futuro, ou seja, a aposta de investidores na queda da moeda estrangeira no país. Ela acrescentou que “a liquidez [recursos disponíveis no mercado externo] está menos favorável e vem piorando”.

Além disso, avaliam economistas, com a queda da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, e tendência de mais reduções, diminui a atratividade para investidores externos que veem no país oportunidade para lucrar com os juros altos.

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