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Pânico nos mercados russos, preocupados com crise na Ucrânia

O pânico se apoderou dos mercados russos diante da possibilidade de uma intervenção militar na Ucrânia

Painel com cotação do rublo russo e do dólar: bolsa de Moscou chegou a cair mais de 13% na sessão (Dmitry Serebryakov/AFP)

Painel com cotação do rublo russo e do dólar: bolsa de Moscou chegou a cair mais de 13% na sessão (Dmitry Serebryakov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2014 às 14h45.

Moscou - O pânico se apoderou nesta segunda-feira dos mercados russos diante da possibilidade de uma intervenção militar na Ucrânia, que pode espantar os investidores estrangeiros, cruciais para reativar a fragilizada economia da Rússia.

A bolsa de Moscou, que chegou a cair mais de 13% na sessão, fechou com queda muito forte: os dois índices do mercado financeiro moscovita, o Micex e o RTS, fecharam respectivamente com quedas de 10,79% e 12,01%.

Ao mesmo tempo, o rublo batia níveis recorde de fragilidade frente ao euro e ao dólar, o que levou o Banco Central a realizar uma inesperada alta de sua principal taxa de juros para restabelecer a "estabilidade financeira".

"O risco é crescente" afirma Chris Weafer, economista da Macro Advisory. "Era inevitável uma reação que afete o rublo, o mercado da dívida e as ações".

No mercado de divisas, o euro superou pela primeira vez a barreira simbólica de 50 rublos, a 51,2. O dólar alcançou 37 rublos, batendo pela primeira vez um recorde que datava da crise de 2009.

Isso pode gerar um choque para uma população já afetada por várias desvalorizações desde o fim da URSS, que teme uma disparada dos preços dos bens importados.

A crise ucraniana, que começou em novembro, já tinha empurrado o rublo para baixo. Uma quebra da Ucrânia - ex-república da URSS - teria graves efeitos para a Rússia, especialmente para os bancos públicos russos, que poderiam sofrer sérias perdas.

Contudo, a situação adquiriu este fim de semana uma nova dimensão com a ameaça de intervenção militar russa e, consequentemente, as sanções internacionais que poderiam afetar as relações comerciais de Moscou.

Todos os mercados operavam em queda nesta segunda-feira na Europa, onde inúmeras empresas investiram na Rússia nesses últimos anos, atraídas por perspectivas de crescimento maiores que nos próprios países europeus.

Temores de sanções

"O mercado se pergunta em que medida os ocidentais imporão sanções econômicas à Rússia", afirma Chris Weston, analista de IG. "A Rússia depende em grande medida de capitais e dos investidores ocidentais", destacou.


"O G8 (os 7 países mais industrializados, mais a Rússia) está disposto a ir até as últimas consequências devido a essa invasão" da Crimeia, na Ucrânia, afirmou o secretário de Estado norte-americano, John Kerry. O G8 está disposto a adotar "sanções, a isolar a Rússia economicamente", acrescentou.

Se essas sanções se materializarem "isso teria um efeito muito negativo para as atividades cotidianas dos bancos e as empresas russas e em sua capacidade para obter financiamento externo", opinam os analistas da UBS.

Para a Rússia, foi prioritário nesses anos o nível de seus investimentos. A queda desses investimentos no ano passado provocou, entre outros fatores, uma clara desaceleração do crescimento do país.

O PIB russo cresceu apenas 1,3% em 2013 contra 3,4% em 2012 e os indicadores de janeiro mostram uma nova desaceleração.

"Ao contrário da guerra de cinco dias na Ossétia do Sul, nos preocupa agora o fato de que as tensões na Ucrânia durem mais tempo e tenham repercussões negativas no longo prazo na economia da Rússia", alertam os analistas do Alfa Bank, que fazem alusão à breve guerra que opôs Rússia e Geórgia em 2008.

Na bolsa de Moscou, o gigante do gás Gazprom - que obtém boa parte de seus lucros com suas exportações à Europa - perdeu no final da sessão desta segunda-feira, 13,89% de seu valor de mercado.

A Gazprom é o primeiro produtor mundial de gás natural no mundo e o principal fornecedor da Ucrânia.

Frente à tempestade financeira, o Banco Central russo se reuniu de forma inesperada e decidiu aumentar, surpreendentemente, em um ponto e meio, sua taxa básica de juros, que passou de 5,5% a 7%.

O objetivo é fazer frente a riscos que possam afetar a "estabilidade financeira", explicou o Banco Central russo. Esta decisão foi anunciada nesta segunda-feira às 07H00 GMT (04H00 de Brasília), mas não pôde impedir um verdadeiro pânico nos mercados russos.

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