FedEx desabou 21,4% e puxou dia negativo no mercado americano (Andrew Kelly/Reuters)
Beatriz Quesada
Publicado em 16 de setembro de 2022 às 17h51.
A semana foi sangrenta para as principais bolsas dos Estados Unidos. O índice Dow Jones, mais associado à economia tradicional, caiu 4,1%. O S&P 500, principal índice da bolsa americana, recuou 4,8%. E o mais prejudicado, o índice de tecnologia Nasdaq, desabou 5,5% em sua pior semana desde junho.
O motivo para a derrocada generalizada segue sendo a inflação, que continua no maior patamar em 40 anos e não deu sinal de arrefecimento. Apenas na terça-feira, o mercado americano perdeu US$ 2 trilhões de dólares depois que o CPI, índice de inflação ao consumidor, surpreendeu para cima.
Desde então as bolsas ensaiaram alguma recuperação, mas o mau humor e a volatilidade continuaram presentes. No radar, está a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que será tomada na próxima quarta-feira. Investidores esperam que o ritmo de alta continue forte considerando os dados negativos apresentados pela inflação nesta semana.
A semana se encerrou ainda com um toque a mais de preocupação. Nesta sexta, o maior pessimismo no exterior teve como pano de fundo os alertas emitidos, na última noite, pela americana FedEx, uma das maiores empresas de logística do mundo.
A companhia anunciou uma série de cortes de custos motivados pela piora da expectativa para a economia global. Entre as medidas, estiveram o fechamento de mais de 90 escritórios, adiamento de contratações e redução das operações aos domingos.
O plano de sobrevivência foi divulgado junto com os números preliminares do trimestre findo em agosto, classificados pela própria companhia como "decepcionantes". A FedEx ainda informou que, mesmo com "ações agressivas de corte de custos, espera que as condições de negócios se enfraqueçam ainda mais". As ações da FedEx desabaram 21,4% na bolsa americana NYSE nesta sexta.
A perspectiva negativa de uma das maiores empresas do setor logístico vai de encontro com os maiores temores do mercado financeiro: de que altas de juros para conter a inflação global provoquem danos significativos na economia.
O saldo foi uma queda generalizada nas bolsas americanas. O Dow Jones recuou 0,45%, enquanto o S&P 500 caiu 0,72%. Mais uma vez o Nasdaq registrou a maior queda do dia: baixa de 0,9%.
Duras perdas também foram sentidas pelos principais índices da Europa, após a divulgação da inflação ao consumidor da Zona do Euro, que subiu mais 0,6% para o mês de agosto, mantendo a alta de 9,1% no acumulado de 12 meses. O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 1,58% nesta sexta.
O Ibovespa não resistiu à pressão negativa do exterior, e encerrou a semana com queda acumulada de 2,7%.