Invest

Pague Menos: Juros altos e incorporação da Extrafarma ofuscam melhoria operacional no 3º tri

Lucro líquido ajustado R$ 7 milhões, refletindo o prejuízo de R$ 30 milhões da empresa comprada; receita cresceu 29,9%

Pague Menos: Desconsiderando a Extrafarma, o lucro líquido cresceu 4,9%, para R$ 37,3 milhões (Leandro Fonseca/Exame)

Pague Menos: Desconsiderando a Extrafarma, o lucro líquido cresceu 4,9%, para R$ 37,3 milhões (Leandro Fonseca/Exame)

No primeiro trimestre com a Extrafarma incorporada, a Pague Menos (PGMN3) viu a aquisição impactar os números. No terceiro trimestre, o lucro líquido consolidado do que se tornou a nova empresa caiu de R$ 35,6 milhões para R$ 7 milhões, refletindo o prejuízo de R$ 30 milhões da empresa comprada.

As perdas, explica Luiz Novais, diretor financeiro da rede de farmácias, se devem ao processo de incoporação da operação, que levou a demissões e fechamento de lojas da Extrafarma. Considerando só os números da Pague Menos, o lucro líquido cresceu 4,9%, para R$ 37,3 milhões. O resultado contábil ficou 184% maior, em R$ 84,5 milhões, mas porque inclui o valor de R$ 137,8 milhões de compra vantajosa da Extrafarma.

Com a rede que pertencia ao grupo Ultra, a Pague Menos se tornou a maior rede de varejo farmacêutico do Norte e Nordeste, com mais de 20% em participação nesses mercados, e a maior em número de lojas em todo país, com 1.592 unidades.

LEIA MAIS: 

Além do efeito Extrafarma, o que mais pesou no resultado da companhia foi a linha do resultado financeiro, justamente pela pressão da aquisição. Com um ambiente de juros mais altos, o prejuízo financeiro chegou a R$ 94 milhões, um avanço de 84%. A dívida líquida totalizou R$ 1,02 bilhão, com a alavancagem subindo para 2,6 vezes quando considerada a norma contábil ex-IFRS16.

"Juros pesaram no resultado financeiro e isso consumiu a melhoria operacional da companhia", diz Novais em entrevista à Exame Invest. Segundo o diretor, a alavancagem da companhia ainda deve crescer no quarto trimestre e começar a recuar a partir do primeiro trimestre do ano que vem.

Resultado operacional

A receita da companhia consolidada cresceu 29,9%, para R$ 2,48 bilhões. O crescimento foi de duplo dígito tanto na Pague Menos, onde a receita cresceu 11,6%, quanto na Extrafarma, em que o faturamento foi 13,9%. A produtividade por loja também melhorou: cresceu 18% na Pague Menos e 23% na Extrafarma.  

A receita, conta Novais, não cresceu na mesma velocidade de outras concorrentes, pois a empresa tem menor presença no Sul e Sudeste, onde o período mais frio no terceiro trimestre impulsionou a venda de medicamentos para gripe.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado chegou a R$ 199,5 milhões, subindo 24,4% e atingindo margem de 7,5%, 0,4 ponto percentual abaixo de um ano antes. Se considerado apenas o desempenho da Pague Menos, a margem Ebitda cresceu 0,7 ponto percentual, para 8,6%.

"Estamos no ponto de inflexão, com a margem Ebitda da companhia crescendo. Olhando para Extrafarma, já vemos melhorias a partir do primeiro trimestre", diz Novais. Ele conta que a captura de sinergias está acontecendo mais rápido do que o esperado, com a empresa prevendo alcançar R$ 38 milhões em sinergias já no primeiro trimestre de 2023. O principal avanço deve começar agora, com a melhoria dos estoques da Extrafarma.

A estrutura de serviços da companhia cresceu com a incorporação da Extrafarma, somando 1.004 unidades com consultórios. É nessas estruturas que a companhia vê potencial de crescimento para o Hub de Saúde, que entende ser um negócio capaz de capturar a demanda de parte da sociedade por serviços de medicina. Nessas estruturas, a rede oferece atendimentos de telemedicina. Segundo Novais, um cliente que passa por consulta tende a ter um tíquete médio até 40% superior ao do cliente comum. O resultado, porém, caiu no trimestre para 405 milhões de atendimentos, dado que o mesmo período anterior foi afetado pela forte demanda de testes de covid. 

"Aumenta faturamento da companhia, mas mais importante é ter o cliente fidelizado. Além disso, nos ajuda a ter um banco de dados mais completo para ser mais assertivo nas campanhas, oferecendo os produtos mais adequados para cada cliente", conta o executivo. 

Freio nas aberturas

Com o objetivo de completar o processo de incoporação da Extrafarma e capturar as sinergias, previstas entre R$ 180 milhões e R$ 275 milhões, a Pague Menos resolveu colocar o pé no freio nas aberturas de lojas no próximo ano. Em 2022, deve encerrar com 120 lojas novas e abrir 60 lojas em 2023. Em 2024, o plano é voltar a abrir 120 lojas. 

 

Acompanhe tudo sobre:FarmáciasPague MenosVendas

Mais de Invest

Banco do Brasil promove trocas nas lideranças de cinco empresas do conglomerado

Bolsas globais superam desempenho dos EUA nos primeiros seis meses do governo Trump

Vale a pena investir em arte? Entenda como funciona o mercado

Ibovespa fecha em queda de 1,61% pressionado por tensões políticas