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Pacote de logística define recuo de juros longos

Ao final da sessão regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 marcava 7,25%


	Bovespa: a taxa do DI para janeiro de 2014 estava em 7,75%
 (Germano Lüders/EXAME)

Bovespa: a taxa do DI para janeiro de 2014 estava em 7,75% (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2012 às 17h37.

São Paulo - O pacote para impulsionar a infraestrutura do setor de transportes no Brasil e as declarações da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira, de que os juros domésticos convergem para "patamares próximos dos internacionais", abriram espaço para a redução das taxas dos DIs nos contratos futuros de longo prazo. A percepção de que, com os investimentos em rodovias e ferrovias, o atual gargalo de logística vai deixar de pressionar a inflação no futuro permitiu a retirada de prêmios na ponta mais longa da curva a termo. No trecho mais curto, as taxas ficaram próximas dos ajustes de terça-feira em meio à aposta de que, na reunião deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá a Selic de 8,00% para 7,50%. E para o encontro de outubro, já há praticamente consenso de que haverá um corte adicional de 0,25 ponto porcentual.

Ao final da sessão regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 (164.275 contratos) marcava 7,25%, mesma do ajuste de terça-feira. A taxa do DI para janeiro de 2014 (274.485 contratos) estava em 7,75%, também a mesma do dia anterior. Na ponta mais longa, que reagiu em baixa às notícias do dia, o DI para janeiro de 2017 (68.565 contratos) tinha taxa de 9,15%, ante ajuste de 9,22%, e o DI para janeiro de 2021 (3.135 contratos) marcava 9,78%, de 9,85%.

Pela manhã, Dilma citou a busca por juros compatíveis "com nossa situação macroeconômica e com a importância de nossa economia", ressaltando a convergência para "patamares próximos dos internacionais". Para profissionais ouvidos pela Agência Estado, a fala de Dilma reforça a perspectiva de que a Selic continuará caindo e que o governo pretende mantê-la em patamares baixos.


Esta leitura foi reforçada pelo pacote de infraestrutura do governo, que prevê investimentos de R$ 133 bilhões em rodovias e ferrovias no País em 20 anos. Os investimentos em ferrovias somarão R$ 91 bilhões, abrangendo 10 mil quilômetros de trilhos. Neste caso, o governo irá comprar a capacidade de operação dos trechos, para depois revendê-la aos usuários. "Se o governo compra capacidade para 20 pares de trem e depois o mercado compra essa capacidade, a conta fecha. Se a demanda não alcançar esse total, o governo paga a diferença", explicou o ministro dos Transportes, Paulo Passos.

Já o aporte em rodovias será de R$ 42 bilhões, sendo que, nesse caso, os desembolsos serão feitos apenas pelo setor privado. Além disso, haverá condições favoráveis de financiamento dos empreendimentos, com juros de Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 5,5%, mais até 1,5% e carência para início de pagamento em até três anos. O pacote foi bem recebido pelos empresários. Eike Batista, da OGX, chegou a classificá-lo como "kit felicidade".

"O pacote traz um aumento de investimentos e amplia a capacidade do País. Por isso, é de se esperar que a inflação no longo prazo não seja pressionada pelos gargalos em transportes, o que justifica a queda das taxas dos DIs hoje", comentou Luciano Rostagno, estretegista-chefe do Banco WestLB no Brasil.

Em evento em São Paulo, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que a autoridade monetária trabalha com a perspectiva de convergência da inflação para a meta. Além disso, reiterou o discurso de que a crise econômica internacional é desinflacionária e demonstrou preocupação com o ritmo de atividade no Brasil e no exterior, o que contribuiu para o viés de baixa na curva a termo.

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