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Ouro renova recorde acima de US$ 3.500 com expectativa de corte de juros pelo Fed

Metal acumula alta de mais de 30% em 2025, impulsionado por demanda de bancos centrais e incertezas políticas nos EUA

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 08h53.

O ouro ultrapassou nesta terça-feira, 2, a marca histórica de US$ 3.508,50 a onça no mercado à vista, em meio às apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduzirá os juros ainda neste mês. O movimento reflete tanto a expectativa de afrouxamento monetário quanto a crescente procura por ativos de proteção diante de turbulências políticas e comerciais nos Estados Unidos, segundo a Reuters.

No início da manhã em Londres, o ouro era negociado a US$ 3.475,33 a onça, estável após o pico. Nos Estados Unidos, os contratos futuros para dezembro avançavam 1,2%, para US$ 3.557,80.

Com alta acumulada de 32% em 2025, o ouro mantém-se como uma das commodities de melhor desempenho no ano, segundo informações da Bloomberg.

Analistas destacam que a compra de ouro por bancos centrais e a diversificação de reservas fora do dólar dão sustentação à tendência de valorização. Giovanni Staunovo, analista do UBS, afirmou à Reuters que o rali é sustentável: “Ainda há espaço para novos avanços. A demanda de investimento voltou forte e os bancos centrais continuarão diversificando em ouro.”

Fed no radar

As apostas de corte ganharam força após o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizar abertura para reduzir os juros. Os mercados precificam 90% de chance de corte de 0,25 ponto na reunião de 17 de setembro, conforme o CME FedWatch.

O relatório de emprego (payroll) dos EUA, previsto para sexta-feira, deve ser decisivo para confirmar o ritmo da flexibilização.

“A trajetória de alta do ouro dependerá bastante de como o caminho de cortes do Fed vai se alinhar às projeções do mercado”, disse Han Tan, estrategista-chefe da Nemo.money, à Reuters. Ele ressaltou que o metal conta com fundamentos adicionais, como a demanda de bancos centrais e a busca por porto seguro diante do risco de tarifas comerciais sobre o crescimento global.

Incertezas políticas e comerciais

O avanço também é alimentado por tensões em Washington. O mercado acompanha a decisão da Justiça sobre a tentativa do presidente Donald Trump de remover a diretora do Fed Lisa Cook, o que poderia abrir espaço para a nomeação de um perfil mais dovish.

O presidente tem intensificado críticas a Powell por não reduzir os juros mais rapidamente e, recentemente, atacou o banco central por gastos em uma reforma da sede em Washington.

Além disso, uma corte de apelações decidiu que tarifas globais impostas por Trump foram ilegais. A decisão amplia a incerteza para importadores americanos.

Prata e outros metais

A prata recuava 0,5%, para US$ 40,49 a onça, após ter alcançado na véspera o maior patamar desde 2011. O metal acumula alta de mais de 40% no ano, sustentado também pela demanda industrial ligada a tecnologias limpas, como painéis solares, segundo a Bloomberg.

A platina caía 0,2%, cotada a US$ 1.397,06, enquanto o paládio recuava 1,5%, para US$ 1.120,21, de acordo com dados da Reuters.

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