Ouro pode voltar a se fortalecer com nova queda do dólar, avalia EXAME Gavekal (Getty Images/Getty Images)
Tais Laporta
Publicado em 13 de agosto de 2019 às 15h02.
Última atualização em 13 de agosto de 2019 às 15h02.
O impressionante rali do ouro está apenas começando, caso o caminho esteja livre para os hedge funds.
Os preços já estão no maior nível em mais de seis anos, enquanto o Goldman Sachs e o Citigroup preveem que o metal precioso pode subir cerca de 6%, para US$ 1.600 a onça, em apenas seis meses. Os gestores de recursos dobraram as apostas em um rali para a maior posição desde 2016.
O valor do ouro como proteção brilha em meio à crescente incerteza em relação à guerra comercial EUA-China e à desaceleração do crescimento econômico global. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou o confronto com Pequim, e o Departamento do Tesouro do país rotulou formalmente a China de manipuladora de moedas. Trump também tem pressionado para que o Federal Reserve reduza ainda mais as taxas de juros e enfraqueça o dólar. Enquanto isso, US$ 15 trilhões de dívida global têm rendimentos negativos, e a demanda dos investidores não dá sinais de diminuir.
"Agora saímos de uma guerra comercial para quase uma guerra cambial", disse Whitney George, presidente da Sprott, um fundo focado em metais preciosos. "O ouro é uma moeda, mas não é obrigação de ninguém, por isso vai subir cada vez mais quando todos os outros tentam desvalorizar sua moeda para serem competitivos globalmente."
Na semana encerrada em 6 de agosto, os hedge funds aumentaram sua posição líquida em ouro em 23%, para 285.082 contratos futuros e opções, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities divulgados na sexta-feira. A posição, que mede a diferença entre apostas em valorização do preço e apostas em declínio, é a mais alta desde julho de 2016. As posições compradas, que apostam apenas na alta do ouro, atingiram a máxima em três anos, enquanto as apostas vendidas caíram pela terceira semana seguida.
Os contratos futuros de ouro para entrega em dezembro subiram 3,5% na semana encerrada na sexta-feira, para US$ 1.508,50 na Comex, em Nova York.
Analistas do Goldman têm uma previsão de seis meses para o ouro de US$ 1.600, e o Citi disse que a cotação subirá para esse nível entre seis e 12 meses. O Bank of America Merrill Lynch acredita que os preços vão subir para US$ 2.000 em dois anos, superando o recorde de US$ 1.921,17 alcançado no mercado à vista em 2011.
Ainda assim, a trajetória pode não ser apenas de alta. O índice de volatilidade CBOE/Comex Gold, uma medida das oscilações de preços, recentemente atingiu o maior nível desde dezembro de 2016. A medida ainda é menos da metade de quando o ouro subiu para nível recorde em 2011.