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“Otimismo realista”: o que os CEOs de dois dos maiores bancos do país esperam do cenário econômico

Roberto Sallouti, do BTG Pactual e Mario Leão, do Santander Brasil, analisam desconfiança do mercado e projetam próximos passos com corte de juros nos EUA

25ª Conferência Anual do Santander: Roberto Sallouti, do BTG Pactual (à direita), em painel com Mario Leão (centro) e mediação de Carlos André (esquerda), do Santander Brasil (Santander Brasil/Divulgação)

25ª Conferência Anual do Santander: Roberto Sallouti, do BTG Pactual (à direita), em painel com Mario Leão (centro) e mediação de Carlos André (esquerda), do Santander Brasil (Santander Brasil/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 19h13.

Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 10h47.

De um lado, indicadores econômicos favoráveis e, do outro, a desconfiança do mercado. A junção dos dois fatores aparentemente contraditórios cria um ambiente macroeconômico “curioso” na definição de Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). 

“Os números macroeconômicos atuais – até mesmo os fiscais – estão melhores do que todo mundo esperava. E as próprias perspectivas para este ano estão melhores. Mas existe muita preocupação com o futuro”, declarou Sallouti. O CEO foi um dos convidados do painel desafios e oportunidades do setor bancário da 25ª Conferência Anual do Santander. O presidente do BTG dividiu a plenária com Mario Leão, CEO do Santander Brasil.

O grande desafio, segundo Sallouti, é entender se o governo vai entregar a meta fiscal como prometido. “Eu, pessoalmente, acho que o governo vai respeitar o arcabouço. Mas falou-se tanto a respeito que os agentes econômicos querem pagar para ver.”

Depois do otimismo da virada de ano, o humor do mercado azedou no segundo trimestre em meio à revisão da meta fiscal, críticas do presidente Lula à política monetária do Banco Central, além de uma decisão dividida do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que colocou dúvidas sobre a independência dos membros indicados pelo governo. 

De lá para cá, o tom mudou. Entre os exemplos, no último mês, o governo anunciou a contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024, medida bem recebida no âmbito fiscal. Já os embates de Lula com o BC deram lugar a declarações mais hawkish (favoráveis a juros mais altos) por parte dos indicados do presidente. Na véspera, Gabriel Galípolo voltou a afirmar que "todas as alternativas na mesa" para a próxima decisão do Copom – declaração encarada como um sinal de independência do BC.

A mudança de discurso ainda não foi acompanhada pelas expectativas, mas o ambiente não é negativo. “Não acho que vamos ter um cenário tão benigno quanto imaginávamos no ano passado, mas nem tão negativo quanto achávamos no segundo trimestre. É o Brasil sendo Brasil.”

Leão, por sua vez, acredita que o país está à beira de uma “tremenda oportunidade” neste terceiro trimestre. A grande expectativa é com a possibilidade de um corte de juros nos Estados Unidos, que está cada vez mais próximo. No evento de Jackson Hole na última semana, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, disse que "chegou a hora de ajustar a política [monetária]". É esperado um corte já para a próxima reunião, em setembro.

“Com os juros caindo lá fora, o potencial fluxo de investimentos para o Brasil é enorme. O país ficou, ao longo dos últimos anos, muito subalocado nos portfólios globais”, defendeu Leão. “[Com os cortes de juros nos EUA] o estrangeiro possivelmente estará, na margem, mais otimista com o Brasil do que o próprio brasileiro.”

Por aqui, as possibilidades ainda estão em aberto para retomar o ciclo de alta de juros. O cenário-base do Santander, no entanto, permanece estimando manutenção na taxa, atualmente em 10,5% ao ano.

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