Os otimistas agem com a confiança de que as projeções de lucro se manterão estáveis (Matteo Colombo/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 28 de dezembro de 2021 às 13h49.
Última atualização em 28 de dezembro de 2021 às 14h49.
Em dúvida como as bolsas dos Estados Unidos podem continuar subindo diante dos sinais de aperto monetário do Federal Reserve e propagação da variante ômicron? A resposta, mais uma vez, é a inquietante resiliência do indicador da saúde corporativa americana.
Ainda que assustadoras, as manchetes ainda não atingiram as previsões para os lucros das empresas do S&P 500. Mesmo com o maior número de casos de covid-19 e a recuperação global sob ameaça, os lucros estimados para 2022 dos componentes do índice subiram cerca de 1 dólar, para 220,40 dólares por ação no último mês.
É possível que analistas apenas sejam lentos ao cortar as projeções quando o rali pós-pandemia se aproxima do terceiro ano. Certamente, alguns gestores aumentaram a liquidez e reduziram a exposição às ações ao prever uma piora da economia.
Mas os otimistas agem com a confiança de que as projeções de lucro se manterão estáveis, sem probabilidade de mudança. Em um ano repleto de obstáculos, de ondas de covid a gargalos nas cadeias de suprimentos, foram os lucros recordes por ação que mantiveram a aposta na alta das bolsas intacta.
“O crescimento econômico saudável e do LPA [lucro por ação] atua como a base de um mercado que é guiado por temores crônicos”, disse Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do Leuthold Group, cuja projeção indica os lucros de 2022 em 240 dólares por ação. “Você pode se preocupar com covid, inflação, Fed, China, Robinhood, SPACs, valuations etc. Mas, a cada trimestre, o LPA continua vindo melhor do que o esperado, forçando o consenso para elevar as previsões. E isso traz dip buyers sempre que temos qualquer retrocesso significativo”, disse sobre o termo para investidores que compram na baixa.
Agora que o ano está chegando ao fim, “jogar na defensiva” substituiu o “medo de perder” a oportunidade como o mantra do mercado. Na pesquisa mais recente do Bank of America, gestores globais aumentaram as posições em dinheiro para o nível mais alto desde maio de 2020, enquanto reduziram a exposição às ações para o menor patamar em 13 meses.
Ainda assim, em meio a vários fatores de estresse macroeconômicos, a perspectiva de lucros sólidos está praticamente intacta. Para a temporada de balanços do quarto trimestre prestes a começar nas próximas semanas, empresas do S&P 500 devem registrar aumento dos lucros de 19%, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
Se a história recente servir de guia, analistas podem ter novamente subestimado o potencial de lucros: companhias do S&P 500 superaram as estimativas em pelo menos 10% por seis trimestres consecutivos. Um exemplo que pode indicar mais ganhos: a 51,29 dólares por ação, a receita estimada representa queda de 5% em relação aos três meses anteriores. O número está em desacordo com uma economia projetada para se expandir 6% neste trimestre.
“Não acho que a hora de ser pessimista seja agora. A questão para aqueles que já reduziram o risco — e muitos o fizeram — é: quando voltar?”, disse Jay Pelosky, fundador e presidente da TPW Investment Management, em entrevista à Bloomberg TV. “Os lucros do quarto trimestre serão incríveis. Não acho que podemos esperar até o início de janeiro. Isso, em retrospecto, seria um erro.”