Bolsas: apetite por risco volta nesta segunda-feira, 4 (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 4 de agosto de 2025 às 17h29.
Última atualização em 4 de agosto de 2025 às 17h45.
O dia é de otimismo para os mercados globais. As bolsas dos Estados Unidos registraram forte alta de mais de 1%, enquanto as da Europa também fecharam com um avanço próximo a 1% – com alguns índices superando esse patamar. Por que esse otimismo todo? Segundo especialistas, envolve dados fracos de emprego nos Estados Unidos e corte de juros no radar.
Nos Estados Unidos, onde desde ações de serviços públicos até as ‘memes stocks’ sobem, parece haver uma espécie de correção. Na semana passada, os mercados foram afetados pelo tarifaço do presidente Donald Trump, um relatório de empregos desanimador e a demissão do chefe do Departamento de Estatísticas do Trabalho por Trump.
“As bolsas americanas caíram muito por conta do payroll, é um dos piores dados em três anos de comparação”, explica João Tonello, analista CNPI-P da Benndorf Research.
Mas a velocidade da reviravolta do mercado surpreendeu alguns investidores. "Acho que pensei que teríamos uma queda um pouco maior", disse Thomas Martin, gestor sênior de portfólio da Globalt Investments, ao FT. "As pessoas hesitam em esperar muito tempo."
Os dados fracos do payroll mudaram o ritmo das apostas de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) cortará as taxas de juro em setembro. Na plataforma FedWatch, 63,1% do mercado apostava no dia 28 de julho – antes dos fatos acontecerem – que o Fed cortaria os fed funds no dia 17 de setembro. Agora, esse número saltou para 87,81%.
Segundo Tonello, houve um cenário parecido em 2024, em que, perto da reunião de setembro, o payroll também veio fraco, fazendo com que o presidente do Fed, Jerome Powell, diminuísse a taxa em 0,50 ponto percentual (p.p.).
“Para essa reunião, o Powell vai ter de se mexer. Mas ele não se pronunciou oficialmente, o que ouvimos foi de dirigentes do Fed que precisam se movimentar rápido”, afirma.
Também colabora para o otimismo a temporada de balanços. Cerca de dois terços das empresas do S&P 500 divulgaram seus resultados trimestrais até sexta-feira, 1º. Delas, mais de 80% relataram lucros por ação acima do esperado, de acordo com a FactSet.
A saída da diretora do Fed, Adriana Kugler, também anima, de certa forma, o mercado ao gerar uma perspectiva de que Trump poderia trazer alguém mais dovish para a mesa, explica Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital.
Na Europa, houve uma queda forte depois do acordo entre União Europeia (UE) e Estados Unidos, por deixar muitos pontos em aberto. “Tem bastante conversa sobre como as medidas já acordadas entre os dois parceiros, União Europeia e os EUA, foram mais positivos para os Estados Unidos. A União Europeia abriu mão de muita coisa, não fez muitas contramedidas”, disse Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.
Agora, houve um anúncio de que a UE vai suspender por seis meses as contramedidas sobre as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos, que deveriam começar essa semana. Essa pausa para negociar ainda mais pode beneficiar o mercado europeu. "A UE continua trabalhando com os EUA para finalizar uma declaração conjunta, conforme acordado em 27 de julho", disse o porta-voz em um comunicado. Por causa disso, as ações europeias tinham mais espaço para a retomada do apetite por risco que aconteceu hoje.
Na Europa, o índice DAX, da Alemanha, avançou 1,22%, o CAC 40, da França, subiu 1,14% e o europeu Stoxx 600 ganhou 0,84%. No Reino Unido, o FTSE 100 registrou alta de 0,56%. Já nos EUA, os principais índices terminaram o dia no azul. O Dow Jones subiu 1,34%, o S&P 500 avançou 1,47% e o Nasdaq 100 registrou alta de 1,95%.