Mercados

Os vencedores e perdedores da bolsa em 2012, segundo o HSBC

“Esperança e desespero” irão guiar os mercados no ano que vem, dizem analistas

O HSBC avalia que os mercados globais estão baratos pelos padrões históricos (Luiz Iria/EXAME.com)

O HSBC avalia que os mercados globais estão baratos pelos padrões históricos (Luiz Iria/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2011 às 14h37.

São Paulo – O próximo ano será tão conturbado quanto o atual para o mercado de ações, aponta um relatório da equipe de análise do HSBC. “A neblina macroeconômica é a mais densa que conseguimos recordar, com os mercados de ações reféns de decisões políticas”, explicam Alexandre Gartner , Juan Carlos Mateo e Garry Evans, analistas do banco. Para eles, os mercados irão oscilar entre “esperança e desespero”.

O HSBC não espera uma recessão no mundo em 2012. Para os EUA, por exemplo, a estimativa é de que a economia cresça 1,8% e a zona do euro 0,6%. As projeções, contudo, só valem se o “caos político” nas duas regiões cessar. Caso contrário, há um risco de baixa. Os líderes da União Europeia iniciaram ontem uma reunião de dois dias para tentar encontrar soluções para resolver a crise da dívida dos países da zona do euro.

“Ao final, acreditamos que a Alemanha terá que abrir mão de suas objeções – ou estar preparada para deixar o projeto Euro. Porém, será necessário acontecer uma crise antes que ela ceda”, avaliam. Eles lembram que os países da zona do euro têm 1,2 trilhão de euros em dívidas para serem refinanciadas em 2012, isso tudo em um ambiente de aumento de juros.

“Ao mesmo tempo, há sinais de que o crescimento na China está também começando a desacelerar um pouco”, lembram os analistas. A atividade industrial no país caiu para 47,7 pontos em novembro, em comparação aos 51 pontos no mês de outubro, mostrou o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) organizado pelo HSBC. Números abaixo de 50 pontos representam uma retração.

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O HSBC avalia que os mercados globais estão baratos pelos padrões históricos, mas embora isso possa não ser de muita ajuda no curto prazo se o cenário “mais desastroso se impuser”, significa que os investidores com olhos no longo prazo pode, quase com certeza, encontrar um retorno razoável.


“Nesse ambiente, vemos uma contínua volatilidade nos mercados de ações, presos dentro de uma faixa de negociação. Provavelmente, eles terão queda a cada vez que os problemas de financiamento soberano na Europa ressurgirem, e sempre que acontecerem questionamentos sobre s sustentabilidade do crescimento econômico”, dizem.

Gartner , Mateo e Evans selecionaram ações para apostar ou evitar em 2012:

1 - Resiliência nos lucros

“Gostaríamos de investir nas empresas em que a probabilidade de rebaixamentos dos lucros pareça inferior. Diversos fatores podem ajudar que isso se concretize. O mais óbvio seria o de setores mais defensivos, como serviços públicos, nos quais os preços, demanda e custos são bastante estáveis e previsíveis”, destacam os analistas.

A primeira sugestão é a geradora de energia AES Tietê (GETI4). A empresa tem contratos fechados até 2015 em termos de volumes e preços de vendas. Além disso, possui margens altas, o que minimiza eventuais pressões de custos. A outra recomendação é a administradora de shopping centers Multiplan (MULT3). Segundo o HSBC, ela tem uma base de receitas diversificada, com cerca de 80% provenientes da receita de aluguel de lojas, que são reajustadas pela inflação.

Por outro lado, há um grupo de empresas mais perto de uma situação de risco. “No Brasil, uma das principais ameaças para o crescimento dos lucros no curto prazo (próximos nove a 12 meses) é a exposição a produtos de consumo discricionários e itens de alto preço (que dependem da disponibilidade de crédito)”, ressaltam. Eles pedem cautela com papéis das empresas Lojas Marisa (AMAR3), B2W (BTOW3) e Magazine Luiza (MGLU3).

2 - Crescimento estrutural

Aqui, o HSBC lista as empresas que podem apresentar crescimento mesmo durante períodos de turbulência. “Gostamos das histórias de crescimento baseadas em mudanças nos fundamentos da estrutura da indústria, que criem vantagens competitivas para uma determinada empresa”, afirmam.


A Brasil Foods (BRFS3) irá ganhar com a melhora do balanço após a fusão e adquirir marcas e ativos de distribuição em mercados emergentes, aumentando sua presença internacional, dizem. As outras lembradas são a Cielo (CIEL3) e a Redecard (RDCD3), que se beneficiarão das mudanças no comportamento do consumidor, como o aumento do uso de cartões de crédito.

Por fim, a última destaca é a seguradora de planos odontológicos Odontoprev (ODPV3), “que tem uma oportunidade crescimento de vários anos, motivada por seu acesso sem paralelos às PMEs e pessoas físicas por meio das agências do Bradesco e do Banco do Brasil”, ressaltam.

3 - Força no balanço

“As empresas que tiverem uma posição de caixa sólida e no rumo certo para cumprir confortavelmente as dívidas a vencer em 2012 tenderiam a enfrentar melhor a adversidade, se ela acontecer”, destaca o HSBC.

As melhores nesse quesito são a Ambev (AMBV4), Cielo (CIEL3), Brasil Brokers (BBRK3) e OdontoPrev (ODPV3).

“No lado oposto, teríamos cuidado com empresas com alta alavancagem e vencimentos de grandes dívidas nos próximos anos”, afirmam. As empresas a evitar seriam a Marfrig (MRFG3), Lupatech (LUPA3), JBS (JBSS3) e Gafisa (GFSA3).

4 – Anomalias de preços

“As ações podem continuar em preços baixos por um longo tempo, mas é importante analisar qualquer distorção relevante”, avaliam. Os analistas notam que os bancos têm sido negociados a níveis mais baixos em relação aos últimos cinco anos. “Itaú e Bradesco são negociados a um P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) próximo a 2,2 vezes (o ponto mais baixo foi 1,6 vez). O Banco do Brasil vem perto desses dois, mas parece ligeiramente mais caro em termos históricos”, dizem.

A geradora de energia paranaense Copel (CPLE6) é outra lembrada. Segundo os analistas, ela é negociada abaixo de seu valor patrimonial e relativamente mais próxima aos múltiplos mais baixos em cinco anos do que a maior parte das demais ações brasileiras.

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