Repórter
Publicado em 6 de maio de 2025 às 06h31.
Última atualização em 6 de maio de 2025 às 06h32.
A Shein e a Temu aumentaram significativamente os gastos com publicidade digital na Europa em abril, segundo dados da consultoria Sensor Tower enviados à Reuters. O movimento ocorre em meio a novas barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos, que ameaçam a operação das plataformas em seu maior mercado.
O Reino Unido e a França foram os principais destinos do novo foco publicitário das empresas. A Shein ampliou os investimentos em anúncios digitais em 35% nesses dois países. Já a Temu, do grupo PDD, aumentou em 40% os gastos na França e em 20% no Reino Unido na comparação com março.
Nos EUA, segundo a Reuters, a Shein e a Temu reduziram as campanhas digitais em meio à proibição do regime de de minimis, que isentava de tarifas produtos com valor inferior a US$ 800. A regra, que permitia às varejistas comercializar roupas de 12 dólares e acessórios de US$ 5 sem taxas, foi encerrada em 2 de maio por determinação do presidente Donald Trump.
A decisão impacta diretamente a estratégia das marcas, que agora enfrentam margens mais apertadas e buscam manter os consumidores americanos já conquistados, segundo especialistas em marketing. A base de usuários ativos nos EUA cresce de forma mais lenta, o que justifica a mudança para mercados com menor resistência tarifária.
No Reino Unido, a mudança de estratégia trouxe resultados imediatos em termos de visibilidade: os downloads do aplicativo da Shein cresceram 25% em abril, enquanto os da Temu mais que dobraram no mesmo período. Apesar disso, o número de usuários ativos diários teve crescimento modesto: 5% para a Shein e 10% para a Temu.
O Brasil também entrou no radar das gigantes.
A Shein, que já produz no país para abastecer o mercado latino-americano, aumentou em 140% os gastos com publicidade digital em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com a Reuters.
Segundo a Sensor Tower, a Temu multiplicou por 800 os gastos com anúncios digitais no Brasil em abril, em relação ao mesmo mês de 2023. A estratégia é semelhante à que a empresa adotou nos EUA em 2022, quando buscava disputar espaço com a própria Shein.
A migração dos investimentos publicitários reflete a necessidade das plataformas de fast fashion em responder rapidamente a mudanças regulatórias e manter o crescimento em ritmo acelerado. A disputa por novos mercados, como Europa e América Latina, indica uma reconfiguração global do setor em meio à guerra comercial.