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Os planos ambiciosos da Portofino para o IPO

Gestora de grandes fortunas mira aquisições e profissionais de bancos e corretoras

Carolina Giovanella: fundadora da Portofino Multi Family Office (Portofino/Divulgação)

Carolina Giovanella: fundadora da Portofino Multi Family Office (Portofino/Divulgação)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de outubro de 2020 às 09h45.

Última atualização em 4 de outubro de 2020 às 10h09.

Com oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) previsto para 2022, a gestora de fortunas familiares Portofino Multi Family Office, que pode ser a primeira do setor a entrar na bolsa, pretende crescer mais nos próximos dois anos do que em todos seus oito anos de história.

“Até 2022 dá tempo de ter um volume sob gestão que justifique a operação. Ao mesmo tempo, a gente acha que é um momento que vamos ter um vento a favor e a gente quer surfar nisso”, afirma Carolina Giovanella, fundadora da Portofino.

Até o fim de 2021, a expectativa é que o volume sob gestão passe dos atuais 6 bilhões de reais para 15 bilhões de reais e as receitas para isso serão duas: aquisições de gestoras e contraTAção dos melhores profissionais de bancos e corretoras.

Para isso, Giovanella montou uma estrutura 100% dedicada a encontrar oportunidades de compra e admissão. Segundo ela, as aquisições já começaram, com negócios sendo feitos em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Com os recursos do IPO, a ideia é fazer compras de proporções ainda maiores.

Mas, para cumprir o objetivo, a Portofino terá que concorrer com gigantes, como UBS e Julius Baer, que também vêm buscando a consolidação no segmento de family office por meio de aquisições. Para isso, Giovanella conta com a independência de sua gestora como o diferencial necessário para ganhar essa disputa. “Nossos concorrentes vêm sendo comprados por estruturas bancárias, enquanto a gente permaneceu independente. Então, a gente foi abocanhando esse investidor que ficou órfão desse modelo.”

Confira a entrevista:

Exame: A Portofino passou de menos de 4 bilhões de reais sobe gestão neste ano para quase 6 bilhões de reais. O que justifica esse crescimento?

Carolina Giovanella: Tem muito a ver com a queda da taxa de juros, que mudou toda a dinâmica dos investimentos em um. Até ontem, investir era ligara para o gerente [de banco] e negociar um percentual do CDI. Agora, para poder ganhar mais, é preciso buscar outras classes de ativo e trazer maior volatilidade para os portfólios. A taxa de juros desencadeou um olhar crítico do investidor de alta renda para o modelo pactuado com o banco ou corretora. O mercado financeiro sempre se ancorou em rebates e spreads, que é o modelo das taxas escondidas em que o cliente não sabia como estava sendo remunerando o advisor dele. Em ambiente de juros baixos, o investidor precisa de um profissional, de um advisor independente, que está todo dia defendendo o interesse junto às instituições financeiras.

O cenário de maiores incertezas econômicas ajudou?

Quanto menos o óbvio está o cenário, maior é a tendência de buscar profissional. Tem várias pessoas que não se sentem confortáveis de navegar sozinho por mares tão turbulentos então precisam que peguem na mão e façam a tradução. Uma pessoa superleiga congela, não faz nada. Tem pessoas que ficam panicadas.

O segmento de Family office vinha passando por consolidação, com uma série de aquisições. Como isso impactou os negócios?

Esse foi um movimento completamente inverso [do nosso], com os nossos concorrentes sendo por estruturas bancárias, mas a gente permaneceu independente. Então, a gente vem abocanhando esses clientes que ficaram órfãos. O cara que era entusiasta do modelo independente, está procurando alguém independente. No momento que tem em sua estrutura um banco, cria-se um viés que perde o link com a total independência. Então foi uma oportunidade, dado que os concorrentes se tornaram dependentes.

E como vocês pretendem continuar crescendo?

Estamos chegando ao recorde de 6 bilhões de reais sob gestão e temos como meta fechar o ano com 7 bilhões de reais. Estamos mirando aquisições. A gente já montou, inclusive, uma área de negócios e expansão aqui dentro, com pessoa 100% dedicada a olhar oportunidades. A gente acha que toda essa oportunidade e o vento a favor acelere esses processos. O momento é muito bom para isso.

 Isso também visa ganhar mais musculatura para o IPO?

Estamos em processo de organização antes de ir a mercado em 2022. Então ainda dá tempo de fazer essa lição de casa para ter um volume sob gestão que justifique a operação. Ao mesmo tempo, a gente acha que é um momento que vamos ter um vento a favor e a gente quer surfar nisso. Então a gente já está em processo de algumas aquisições. Mas, com certeza, depois do IPO, a gente vai ter mais musculatura para aquisições maiores.

Que tipo de aquisições vocês estão olhando hoje?

Estamos focados muito mais em crescimento através de pessoas que estão em estruturas bancárias e corretoras e aquisição de gestoras um pouco menores.  Estamos com coisas em vista no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Em breve teremos mais notícias sobre esse processo de consolidação de mercado.

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