As ações brasileiras subiram 17% neste ano e quase recuperaram a perda de 18% registrada em 2011 (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2012 às 13h12.
Amsterdã/Nova York - Operadores de opções estão elevando para a maior alta em cinco anos o custo de proteção contra perdas em um fundo que acompanha a variação do mercado acionário brasileiro e que já subiu 35 por cento.
O custo das opções de venda que protegem contra queda de 10 por cento no ETF iShares MSCI Brazil Index, fundo listado e negociado na bolsa de Nova York, estava 29,5 por cento acima do custo das de compra, segundo dados compilados pela Bloomberg com base em contratos de seis meses. O prêmio era de 29,7 por cento em 7 de fevereiro, o mais elevado desde fevereiro de 2007. O Ibovespa subiu seis vezes mais que o MSCI Emerging Markets Index desde a mínima de 2011, registrada em 8 de agosto.
As ações brasileiras subiram 17 por cento neste ano e quase recuperaram a perda de 18 por cento registrada em 2011. Em janeiro, o Ibovespa registrou avanço maior que em qualquer outro mês desde abril de 2009, segundo dados da Bloomberg. Os ganhos ocorreram após o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, dizer em 2 de fevereiro que poderia cortar mais a taxa de juro básica para estimular a economia e compensar a desaceleração do crescimento da China, maior parceiro comercial do País.
“As pessoas estão protegendo seus ganhos”, disse James Moffett, que administra US$ 8 bilhões em ativos internacionais na Scout Investments com sede em Kansas City, nos Estados Unidos. Seu fundo Scout International bateu 93 por cento de seus pares nos últimos cinco anos, segundo dados da Bloomberg. “A inflação é uma preocupação. Ficamos mais cautelosos porque o Brasil, em muitos aspectos, está atrelado à China.”
Corte de Juros
Tombini reduziu taxa básica de juros em 200 pontos base desde agosto, para 10,5 por cento, medidas semelhantes às adotadas por outros mercados emergentes para sustentar o crescimento em meio à crise da dívida europeia. Existe “elevada probabilidade” de a Selic cair para menos de 10 por cento neste ano, disse o BC na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, publicada em 26 de janeiro.
A inflação se desacelerou para 6,44 por cento em meados de janeiro do maior patamar em seis anos, atingido em setembro, e continua acima da meta de 4,5 por cento do governo.
“Em agosto do ano passado, havia uma séria preocupação de que o mundo ia vir abaixo”, disse Greg Lesko, que administra US$ 700 milhões na Deltec Asset Management, em Nova York, em entrevista por telefone. “Até agora, o mundo não acabou, então talvez o ciclo tenha começado antes do que deveria.”
Meta de crescimento da China
O primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, pode anunciar meta de crescimento econômico entre 7 por cento e 7,5 por cento em 2012, disse Fan Jianping, economista chefe da estatal State Information Center, em entrevista nesta semana. A última vez que o país adotou meta abaixo de 8 por cento foi em 2004.
A volatilidade implícita, principal componente da precificação de opções, para contratos de três meses do ETF Brasil de preço alvo mais próximo à atual cotação subiu 4,9 por cento desde 1 de fevereiro para 28,68 ontem.
Opções de venda sobre o fundo iShares FTSE China 25 Index têm custo 24 maior que as de compra, enquanto as de venda sobre o ETF Market Vectors Russia estavam 19 por cento mais caras que as de compra, segundo dados compilados pela Bloomberg com base em contratos de seis meses.
O índice de volatilidade da Chicago Board Options Exchange, também conhecido como VIX, caiu 9,1 por cento ontem para 19,22. Isso se compara a uma média histórica de 22 anos de 20,56. O índice de volatilidade do ETF Brasil da CBOE caiu 4,2 por cento para 32,02 ontem, contra média de 34,81 desde março. O índice europeu VStoxx teve alta de 1,1 por cento ontem, para 26,84.
Ações em alta
A combinação de crescimento econômico, inflação em queda e juros mais baixos ajudará as ações brasileiras a continuar subindo, disse Mike Simpson, chefe de mercado de capitais latino-americanos da Baring Asset Management, de Londres.
“Operações com opções não sugerem pessimismo quanto às ações brasileiras, é apenas administração prudente de portfólios”, disse Simpson, que ajuda a administrar US$ 47 bilhões na Baring, ontem em entrevista por telefone. “É um dos poucos países que me lembro onde o crescimento está acelerando, a inflação caindo e o banco central está reduzindo juros. Isso é um mix bastante poderoso para as ações.”
Operadores têm aumentado suas posições em opções de venda sobre o ETF Brasil. A relação entre as opções de venda lançadas em relação às de compra aumentou 14 por cento desde 20 de janeiro, para 1,54 para um em 15 de fevereiro, perto do nível mais alto em quatro meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Opções de venda a US$ 55 para junho, com preço alvo 20 por cento abaixo do fechamento de ontem, eram as com maior número de ofertas disponíveis entre as opções sobre o Brasil ETF desde 20 de janeiro, com a abertura de 44.541 contratos para um total de 46.037. As opções de venda a US$ 55 e a US$ 50 para janeiro de 2013 eram as que tinham maior número de papéis colocados entre todos os contratos disponíveis, respondendo por 12 por cento do total de opções de venda, mostram os dados da Bloomberg.
“Vimos muitos negócios de compra de opções de venda fora do preço de mercado por conta da alta e da baixa da volatilidade implícita”, disse Stephen Solaka, que gerencia cerca de US$ 50 milhões incluindo opções como co-fundador da Belmont Capital Group em Los Angeles, em e-mail ontem. “Não é má ideia para investidores comprados em ações ficarem comprados em volatilidade e proteção.”