Renda fixa: BTG Pactual vê oportunidade para títulos atrelados ao IPCA+ ( Jackyenjoyphotography/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 8 de julho de 2024 às 16h19.
Última atualização em 8 de julho de 2024 às 16h31.
O segundo semestre chega com algumas preocupações dos agentes econômicos, é o que destaca o relatório do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME). Entre elas, no cenário doméstico, há um aumento das incertezas quanto ao cumprimento de metas fiscais pelo governo. Somado a isso, o mercado de trabalho – ainda aquecido – coloca os investidores em alerta, sobretudo pela capacidade de acrescentar um viés altista para inflação ao longo do ano.
Nas últimas semanas, em uma tentativa de acalmar os ânimos do mercado, o governo reforçou seu comprometimento com o arcabouço fiscal e sinalizou um corte para 2025 de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, por meio de um pente-fino de benefícios. Mesmo assim, o mercado ainda aguarda mais certezas sobre o controle nos gastos públicos.
Já no cenário externo, o BTG Pactual pontua as mudanças de trajetória, sobretudo nos Estados Unidos. Inicialmente, o mercado projetava o início do corte de juros em março. No entanto, dados mais robustos do mercado de trabalho, juntamente com surpresas inflacionárias geraram desconfiança no Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
Com isso, a instituição adiou o ciclo de afrouxamento monetário e segue com um discurso mais hawkish. Na última ata do Fed, os dirigentes chegaram a reconhecer a queda dos preços, mas afirmaram que precisam de mais confiança para começar a cortar juros. Também pontuaram que, caso seja necessário, o Fed não hesitará em aumentar as taxas. Mesmo assim, o BTG ainda espera dois cortes de juros neste ano, com a taxa encerrando o ano entre 4,75% e 5,00%.
Dentro do cenário econômico atual mais incerto, o BTG Pactual prioriza investimentos em renda fixa, mantendo uma posição significativa em ativos que refletem o risco do Brasil. Do lado dos prefixados, o BTG vê uma oportunidade para títulos com vencimento em janeiro de 2026. Mesmo a curva de juros precificando, atualmente, um ciclo de alta em 2025, para o banco, esse fato parece distante por dois motivos: previsão de corte de juros nos EUA e novo comando no Banco Central (BC).
Para os ativos atrelados ao IPCA+, o relatório destaca que ainda há espaço para investimentos devido aos prêmios elevados nas taxas de juro reais. Na análise dos especialistas, a diferença entre os juros reais oferecidos pelos títulos IPCA+ e a taxa de juro neutra da economia está alta, proporcionando um bom retorno real.
Entretanto, o BTG Pactual destaca que a redução da diferença entre as taxas de juro de curto e longo prazo cria oportunidades em diferentes pontos da curva. Isso porque as taxas de juro de longo prazo caem em relação às de curto prazo, tornando os títulos de longo prazo mais atraentes. Segundo o relatório, três fatores podem contribuir para o achatamento da curva de juros real e favorecer os investimentos de longo prazo.
“[...] (i) a consolidação futura de afrouxamento da política monetária nos EUA deverá refletir em um fechamento dos vértices mais longos da curva norte-americana, movimento que também deverá ser sentido pela curva local; e (ii) em caso de melhora da percepção da condução da política fiscal por parte do mercado, tudo mais constante, os vencimentos mais longos deverão apresentar um fechamento, resultado que também corroboraria favoravelmente com a estratégia.”