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Oi: como a 'super tele' virou empresa à beira da falência

Justiça afastou administração da companhia e determinou plano de transição; nos últimos anos, Oi vendeu uma série de ativos, mas não conseguiu sair da recuperação judicial

Operação da Oi: recomeço como empresa de serviços digitais  (Cristiano Mariz/Exame)

Operação da Oi: recomeço como empresa de serviços digitais (Cristiano Mariz/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 3 de outubro de 2025 às 06h00.

A Oi (OIBR3), em recuperação judicial, entrou nesta semana em uma nova etapa da sua história conturbada. A companhia, que já foi a maior operadora de telefonia da América Latina, enfrenta há tempos dificuldades financeiras que refletem anos de gestão deficitária, endividamento crescente e decisões estratégicas controversas.

Na terça-feira, a Justiça do Rio de Janeiro afastou toda a administração da Oi e a consultoria responsável por sua estratégia, determinando o início de um plano de transição. O objetivo com isso seria garantir a continuidade dos serviços de telefonia e conectividade.

A medida interrompe a gestão que conduzia o segundo processo de RJ da companhia e estabelece um prazo de 30 dias para que a nova administração e os credores decidam entre avançar para a liquidação da empresa ou continuar com a recuperação.

A magistrada responsável pela decisão apontou esvaziamento patrimonial após vendas recentes de ativos, divergências sobre o caixa disponível e custos elevados com a gestão. Ela destacou inconsistências no número de imóveis disponíveis para venda e nos valores bloqueados em caixa.

Segundo a juíza, a Oi vive uma situação pré-falimentar. A transferência da gestão dos serviços representa uma antecipação parcial dos efeitos da falência, sem configurar a decretação total solicitada pelos credores.

O que levou a Oi à recuperação judicial

Com mais de nove anos quase que ininterruptos de recuperação judicial, a Oi tinha uma dívida líquida (valor justo) de R$ 10,034 bilhões no segundo trimestre de 2025, com uma posição de caixa de R$ 1,155 bilhão.

O primeiro processo foi aberto em 2016, quando a empresa acumulava R$ 65 bilhões em dívidas, e foi concluído no fim de 2022. No entanto, a operadora de telefonia seguiu com uma dívida de R$ 44,3 bilhões, o que a levou a pedir nova proteção judicial pouco tempo depois, tendo um novo plano aprovado em 2023.

Durante esse período, a empresa negociou com credores descontos nas dívidas, parcelamentos de longo prazo e novo aporte de capital. Atualmente, a Oi tem R$ 31 bilhões em dívidas dentro do processo de recuperação e outros R$ 5 bilhões que ficaram de fora, a maior parte referente a empréstimos emergenciais de investidores, chamados de DIP Financing (Debtor-in-Possession, ou financiamento DIP).

A Oi também vendeu ativos estratégicos para reduzir passivos. A rede móvel passou para um consórcio formado por Claro, TIM e Vivo por R$ 16,5 bilhões. A operação de TV por assinatura via satélite (DTH) foi vendida para a Sky e a infraestrutura de torres para a Highline. O controle da V.tal, responsável pela rede de fibra óptica, passou para o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), que assumiu uma posição relevante no ativo.

Um passado de glórias

Criada em 1998 a partir da privatização do sistema Telebrás, a empresa, inicialmente conhecida como Telemar, começou operando em 64% do território nacional. Em 2002, a companhia adotou a marca Oi e iniciou um processo de expansão agressiva, consolidando sua presença no mercado de telefonia.

Em 2008, lançou serviços de telefonia móvel no estado de São Paulo e, no ano seguinte, adquiriu a BrT, assumindo seu controle em 2010 e ampliando sua atuação para todo o país. Após uma reestruturação societária, em 2012, as ações da Oi passaram a ser negociadas pela primeira vez na Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Nova York, marcando a companhia como um player global no setor de telecomunicações.

A companhia de crescimento explosivo começou a apresentar sinais de fragilidade financeira já em 2012, após acumular dívidas pesadas, resultado de aquisições mal calculadas, altos custos operacionais e investimentos em infraestrutura que não retornaram na mesma proporção.

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