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OGX é negociada em liquidação após reservas despencarem

Companhia está sendo negociada como se estivesse para ser liquidada após auditoria apontar que reservas são 62% menores


	Eike Batista na abertuda de capital da OGX: notas com vencimento em 2018 caíram 8,9 centavos, para um recorde de 6 centavos de dólar
 (Fernando Cavalcanti/EXAME.com)

Eike Batista na abertuda de capital da OGX: notas com vencimento em 2018 caíram 8,9 centavos, para um recorde de 6 centavos de dólar (Fernando Cavalcanti/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2013 às 16h47.

Rio de Janeiro/Nova York - A OGX Petróleo Gás Participações SA de Eike Batista está sendo negociada no mercado de títulos como se estivesse para ser liquidada após uma auditoria mostrar que as reservas do principal campo de petróleo da empresa são 62 por cento menores do que ela havia estimado.

Os US$ 2,56 bilhões em notas da OGX com vencimento em 2018 caíram 8,9 centavos, para um recorde de 6 centavos de dólar, depois que a empresa de auditoria de reservas DeGolyer MacNaughton disse em 3 de outubro que o campo de Tubarão Martelo, da empresa brasileira, pode possuir 108,5 milhões de barris de petróleo bruto, contra uma estimativa da OGX de 285 milhões no ano passado.

As notas caíram 93 por cento em 2013, a maior queda em mercados emergentes. A OGX está considerando a possibilidade de pedir proteção de falência neste mês após descumprir, em 1 de outubro, um pagamento de juros de US$ 45 milhões em seus títulos de 2022, disseram duas fontes com conhecimento do assunto.

Os preços dos títulos indicam que os credores esperam que a OGX seja liquidada na falência, aumentando o risco de que investidores como a Pacific Investment Management Co. não consigam recuperar nada de dinheiro, de acordo com a Western Asset Management Co. e a SW Asset Management LLC. A JPMorgan Chase Co. escreveu em 3 de outubro que a estimativa mais baixa de reservas e a necessidade de quantia em dinheiro “significante e antecipada” para desenvolver Tubarão Martelo pode levar a Petroliam Nasional Bhd. (conhecida como Petronas) a reduzir sua oferta para compra de uma participação de 40 por cento no campo, e que os acionistas precisam avaliar a hipótese de a OGX ser liquidada.

“Esse relatório de reservas simplesmente trouxe isso à tona”, disse Robert Abad, que ajuda a gerenciar US$ 51 bilhões em ativos em mercados emergentes na Western Asset, com sede em Pasadena, Califórnia, em entrevista por telefone. “Temos uma OGX em queda livre. Você pode ver o efeito dominó desse relatório de reservas chegando e trazendo à luz o quanto a situação sempre foi ruim. Nós apenas não sabíamos”.

O pedido de falência pode ser feito no Rio de Janeiro, onde fica a sede da OGX, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas. Embora Batista esteja negociando com os credores para evitar o mesmo processo com o estaleiro OSX Brasil SA, o mais provável é que ambas as empresas busquem proteção legal, disseram. O procedimento colocaria US$ 3,6 bilhões de títulos em dólar da OGX em default no maior desastre de dívida corporativa da América Latina.

Acordo ameaçado

A Petronas entrou em acordo em maio para pagar US$ 850 milhões pela fatia de 40 por cento. Com base no relatório de reservas de 3 de outubro, esse é na verdade o valor do campo inteiro, o que avaliaria a fatia da Petronas em US$ 438 milhões, escreveu o Morgan Stanley a clientes em uma nota em 3 de outubro.


A OGX e a Petronas entraram em contradição a respeito das condições do negócio. Shamsul Azhar Abbas, CEO da Petronas, disse em 26 de agosto que o acordo depende da reestruturação da dívida da OGX. A OGX disse dois dias depois que a empresa malasiana não tem o direito de atrasar o acordo.

O primeiro pagamento da Petronas, de US$ 250 milhões, aguarda que o negócio receba aprovação regulatória e o segundo pagamento, de US$ 500 milhões, será realizado quando a produção começar, o que a OGX disse que ocorrerá antes do final do ano.

Se a Petronas desistir da compra por causa do relatório de reservas da semana passada, “não está claro se a outra parte terá capital para desenvolver Martelo”, escreveram analistas do JPMorgan, liderados por Gregg Brody, na semana passada.

Os títulos da OGX podem se tornar sem valor se uma solução não for encontrada, segundo os analistas do JPMorgan. A OGX disse em julho que seu único campo de petróleo produtor, Tubarão Azul, será fechado no ano que vem e cancelou planos de desenvolver três outros porque eles não são economicamente viáveis.

A OGX possui 30 concessões de petróleo e gás natural no Brasil que podem ser revogadas se a empresa pedir proteção contra falência, segundo contratos que a empresa assinou com a agência reguladora do petróleo. A ANP disse que respeitará o contrato de concessão em uma resposta por e-mail a perguntas, no mês passado, sem dar detalhes.

Eike Batista, cuja fortuna encolheu 99,9 por cento em relação a seu ápice no ano passado, tornou a OGX pública em 2008 e vendeu títulos duas vezes nos três anos seguintes prometendo produção de 730.000 barris por dia até 2015. Em vez disso, o Tubarão Martelo provavelmente será o único campo de petróleo da OGX em produção no ano que vem. O relatório da DeGolyer disse que nenhum dos 108,5 milhões de barris do Martelo são reservas provadas.

“O fluxo de notícias tem sido horrível”, disse Ray Zucaro, gerente financeiro da SW Asset Management LLC, que administra US$ 375 milhões em dívida de mercados emergentes, em uma entrevista por telefone. “Eu realmente acho que o JPMorgan estava certo em dizer que isso era um zero”.

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