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Ofertas públicas somem com juro maior e pessimismo

Segundo Anbima, juros em alta, pessimismo e calendário atípico afastaram as empresas do mercado de ações nos três primeiros meses do ano


	Investidor observa monitores com cotações de ações na BM&FBovespa: este é o pior começo de ano desde 2012, quando também não houve captação
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Investidor observa monitores com cotações de ações na BM&FBovespa: este é o pior começo de ano desde 2012, quando também não houve captação (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2014 às 16h07.

São Paulo - Os juros em alta, o pessimismo dos investidores e o calendário atípico de 2014 no Brasil afastaram as empresas do mercado de ações brasileiro nos três primeiros meses do ano, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Enquanto o mercado de renda fixa doméstico captou R$ 17,34 bilhões no primeiro trimestre, o de renda variável não teve nenhuma operação. É o pior começo de ano desde 2012, quando também não houve captação. Os dois períodos foram os únicos na série histórica da Anbima, que começa em 2002, em que isso aconteceu.

Na visão da diretora da Anbima Carolina Lacerda, a alta dos juros, reflexo da política de aperto monetário do Banco Central (BC) para controlar a inflação, foi uma das causas de não haver procura por captação no mercado de ações. “Fica mais caro fazer uma emissão de ações, porque o retorno do investidor acaba tendo que ser maior para competir com a alta taxa de juros”, diz.

Além dessa variável, o pessimismo dos investidores com o fraco crescimento da economia brasileira e a apreensão crescente à medida que a eleição presidencial se aproxima também contribuíram para esvaziar a fila das captações via mercado de ações. “Não vemos nenhuma oferta sendo realizada pelo menos até junho”, observa Carolina.

Segundo ela, a próxima “janela de oportunidade” para as empresas fazerem ofertas públicas de ações deve ser o mês de setembro, quando as oscilações do mercado já devem ter dado uma trégua.

De acordo com a diretora da Anbima, a recente alta da bolsa brasileira não deu sinais de um movimento consistente, que poderia devolver o ânimo ao mercado. “Foi um evento pontual, já que não aconteceu nada que justificasse o movimento”.

Renda fixa

Tanto no mercado local quanto no externo, as operações de captação via renda fixa devem ter um desempenho melhor do que a renda variável ao longo do ano, na opinião de Carolina. “A janela para a renda fixa é sempre aberta e, embora tenha havido uma queda considerável no volume de captações, não vemos um mercado parado.”

De janeiro a março, a captação na renda fixa somou R$ 17,34 bilhões no mercado local e US$ 17,2 bilhões no exterior. As emissões no exterior, contudo, ganharam um impulso com a oferta de US$ 8,5 bilhões da Petrobras.

Segundo Carolina, tirando o peso da operação da estatal, o mercado mostrou um enfraquecimento. Contudo, na opinião da executiva, a apreensão dos investidores tende a se dissipar assim que outras ofertas grandes forem sendo lançadas. “Geralmente, no mercado de renda fixa, uma operação grande abre caminho e outras vão atrás.”

Apesar da queda de ritmo, ela avalia que as ofertas de títulos de empresas brasileiras no exterior têm sido bem recebidas pelos investidores. “As operações da Petrobras, da Marfrig e do Banco do Brasil despertaram bastante interesse e foram bem sucedidas”, avalia.

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