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O último ato de Warren Buffett antes de se aposentar da Berkshire

À medida que se prepara para a aposentadoria, Warren Buffett faz movimentos estratégicos em seu portfólio

Warren Buffett (Kevin Lamarque/Reuters)

Warren Buffett (Kevin Lamarque/Reuters)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 11h13.

A aposentadoria de Warren Buffett está cada dia mais próxima. À medida que o fim do ano se aproxima, o bilionário se concentra em ações estratégicas para marcar o fim de sua trajetória à frente da Berkshire Hathaway.

Para isso, o investidor tem ajustado seu portfólio. Um dos movimentos mais notáveis foi a compra de pouco mais de 5 milhões de ações da UnitedHealth, avaliadas em cerca de US$ 1,6 bilhão até o final de junho.

A aquisição chamou atenção no mercado, o que fez as ações da companhia registrarem alta superior a 10% no pregão pós-mercado — reflexo do "Efeito Buffett", que acontece sempre que os investidores seguem as decisões do Oráculo de Omaha com grande confiança.

A escolha pela UnitedHealth aconteceu em um momento delicado para a companhia. Em dezembro de 2024, o CEO da área de planos de saúde da empresa, a UnitedHealthcare, Brian Thompson, foi assassinado.

Após a morte de Thompson, as ações da empresa despencaram de US$ 600 para cerca de US$ 310. Para Buffett, conhecido por seu estilo de investimento em valor, a queda representou uma oportunidade estratégica de compra.

Redução de participações

Enquanto faz aquisições, a Berkshire Hathaway também tem se distanciado de algumas de suas posições anteriores. A venda de cerca de dois terços da participação na Apple (AAPL) é um dos principais exemplos disso.

No final de junho, a empresa ainda mantinha 280 milhões de ações da gigante de tecnologia, avaliadas em US$ 57 bilhões — um aumento de 7% em relação ao trimestre anterior. Agora, a gestora de Buffett vendeu 20 milhões de ações da companhia liderada por Tim Cook.

Novas aquisições e posicionamentos em setores estratégicos

Além da UnitedHealth, Buffett fez novos investimentos em setores-chave, como saúde, construção e energia. A Berkshire Hathaway adquiriu posições em construtoras residenciais como DR Horton e Lennar, e também em aço, com a Nucor.

Essas aquisições foram mantidas em segredo até a aprovação regulatória no primeiro trimestre. A empresa também reforçou sua participação em gigantes como Chevron, Constellation Brands e Domino's Pizza.

Paralelamente às aquisições, Buffett acelerou a venda de ações, com destaque para a saída da T-Mobile US e a redução de posições em empresas históricas, como o Bank of America e a Charter.

No último trimestre, a Berkshire Hathaway manteve uma postura líquida vendedora, com US$ 6,9 bilhões em ações vendidas, em contraste com US$ 3,9 bilhões comprados. Isso resultou em um aumento de sua caixa para US$ 344 bilhões — valor superior à capitalização de mercado da Coca-Cola.

A transição do comando de Buffett

Essas ações finais de Buffett refletem sua cautela e pragmatismo diante de um mercado aquecido, com dificuldades em encontrar investimentos que justifiquem alocações massivas de caixa.

A escolha por setores como saúde, construção, energia e consumo demonstra a busca por investimentos sólidos, enquanto ele prepara a transição de sua liderança, deixando para trás um portfólio robusto e diversificado que refletirá seu legado de investimentos fundamentados em qualidade e valor.

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