“É uma reviravolta notável para uma moeda que parecia estar em uma marcha constante para atingir a paridade com o dólar", diz o jornal britânico (David Siqueira/Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2011 às 10h59.
São Paulo – Até quando o real pode se desvalorizar em relação ao dólar? Para a equipe do jornal britânico, Financial Times, essa é uma pergunta difícil de responder. Depois de atingir o maior nível em relação ao dólar em 12 anos apenas dois meses atrás, a moeda brasileira despencou quase 10%. Nesta quarta-feira, é preciso em torno de 1,82 real para com comprar um dólar (acompanhe), o maior nível em 15 meses.
“É uma reviravolta notável para uma moeda que parecia estar em uma marcha constante para atingir a paridade com o dólar americano durante o primeiro semestre deste ano, desafiando várias tentativas do governo de segurar a sua apreciação”, mostra o texto da matéria assinada pela equipe do “beyondbrics”.
O jornal lembra, contudo, que o Brasil não está sozinho nesta jornada. Desde o início de setembro, além do real, as moedas da África do Sul (rand) e da Polônia (zlóti) estão em queda de aproximadamente 9% em relação ao dólar. O florim da Hungria, muito vulnerável por conta do grande endividamento do país em moeda estrangeira, recua mais de 10%.
Após atingir o menor nível em 12 anos, o dólar disparou ante o real em setembro
Os investidores estrangeiros estão preocupados com os possíveis efeitos de um calote da Grécia sobre os bancos da Europa e outros países, o que têm os afugentado dos mercados emergentes. O real já perdeu cerca de 13% após o BC brasileiro ter cortado o juro em 0,5 ponto percentual, para 12% ao ano, de maneira inesperada em 31 de agosto.
O que fazer?
Para Tony Volpon, um economista brasileiro na japonesa Nomura, talvez o real já tenha ido longe demais e recomenda a compra do real contra o euro. “Apesar da visão de longo prazo de um enfraquecimento gradual do real..., acredito que a recente queda da moeda brasileira chegou ao fim e podemos ir para posição comprada em uma operação tática, com uma visão relativa de três meses”, disse ele em um relatório citado pelo FT.
O jornal lembra que os investidores japoneses, que estão entre os maiores detentores de ativos ligados ao real, não estão mostrando um sinal de pânico. “Afinal de contas, eles não usam contas muito alavancadas com mecanismos de “stop loss”, o que significa que eles não agem sobre os mesmos catalisadores que outros investidores”, ressalta a matéria.
“De fato, a experiência passada indica que os investidores de varejo japoneses tendem a continuar ou até aumentar as compras do real após leves pausas em meio a crises ou dificuldades do mercado”, ressalta Volpon.